Mads Pedersen (Trek-Segafredo) uniu-se hoje à lista de sucessos dinamarqueses na 109.ª Volta a França, ao tornar-se, com o seu primeiro triunfo em grandes Voltas, no terceiro ciclista do seu país a vencer em quatro dias.
O antigo campeão mundial de fundo (2019) perseguia há dias a sua primeira vitória no Tour e, de tanto tentar, finalmente alcançou-a à 13.ª etapa, graças a um plano perfeito: primeiro, ‘sacudiu’ a forte concorrência de Filippo Ganna (INEOS) e Stefan Küng (Groupama-FDJ) com um ataque a 12 quilómetros da meta, antes de bater ao ‘sprint’, em Saint-Étienne, o britânico Fred Wright (Bahrain-Victorious) e o canadiano Hugo Houle (Israel-Premier Tech), os seus outros companheiros de escapada.
“É incrível conseguir finalmente uma vitória. Sabia que estava num bom momento de forma, mas definitivamente falhei as oportunidades na primeira semana e nas últimas duas semanas não há muitas etapas para ciclistas como eu. Por isso, agarrar a chance hoje e ter este prémio é muito bom não só para mim, mas também para a equipa”, declarou o corredor de 26 anos, assumindo-se “aliviado” por ter dado uma alegria à Trek-Segafredo.
Pedersen prolongou o idílio da Dinamarca com esta Volta a França, juntando-se aos compatriotas Magnus Cort (EF Education-EasyPost), primeiro em Mègeve na terça-feira, e Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma), que triunfou no Col do Granon na 11.ª tirada e desde aí veste de amarelo, na lista de vencedores de etapas nesta edição, que começou precisamente naquele país nórdico.
Os ‘estragos’ provocados pela dupla jornada alpina e o calor extremo faziam antecipar que os 192,6 quilómetros entre Bourg d'Oisans e Saint-Étienne seriam a ocasião ideal para um ‘descanso ativo’ dos homens da geral e para as equipas que ainda não venceram uma etapa na 109.ª ‘Grande Boucle’ tentarem a sua sorte.
O desejo de estar na fuga era tão forte para tantos que, na primeira hora, foram cumpridos 51,6 quilómetros, muito por ‘culpa’ do melhor contrarrelogista do pelotão, o bicampeão mundial Filippo Ganna, que fugiu na companhia de outro especialista, o campeão europeu Küng, e de Matteo Jorgenson (Movistar).
O trio da dianteira recebeu, depois, ao quilómetro 51, a companhia de Pedersen, novamente em fuga – tem sido um dos ciclistas mais ativos neste Tour -, e de Quinn Simmons, companheiro do dinamarquês na Trek-Segafredo, assim como do jovem Wright e de Houle.
Apesar de ter dois dos melhores contrarrelogistas do mundo, a escapada nunca foi muito ‘longe’, sendo controlada, à distância, por Lotto Soudal e Alpecin-Deceuninck, interessadas numa chegada ao ‘sprint’ em Saint-Étienne, tal como a Quick-Step Alpha Vinyl, que se juntou ao trabalho depois de Fabio Jakobsen, ‘perdido’ nas contagens de montanha, ter conseguido reentrar no pelotão.
Contudo, uma queda de Caleb Ewan (Lotto Soudal) e nova quebra do vencedor da segunda etapa deixaram a Alpecin-Deceuninck desamparada na perseguição e alteraram a situação de corrida: a vantagem dos fugitivos alcançou um novo máximo (aproximou-se dos quatro minutos) e colocou em estado de alerta a BikeExchange-Jayco.
A formação australiana apareceu em bloco na frente do pelotão, tentando anular a fuga para levar Michael Matthews finalmente à vitória nesta edição, mas, sem ajuda de outras equipas, nada pôde fazer contra o poderio dos roladores que seguiam na dianteira e que, à entrada dos últimos 20 quilómetros, ainda tinham dois minutos de diferença – foi o próprio australiano a ‘decretar’ o final do esforço dos seus companheiros.
Já sem Simmons no grupo, os seis resistentes tardaram em atacar-se, cabendo a Pedersen a iniciativa de quebrar a harmonia a cerca de 12 quilómetros da meta e, consequentemente, eliminar os três fugitivos originais.
“Não queria que fossemos seis no final, seria muito difícil controlar. Tentei atacar e, felizmente, a fuga separou-se e ficámos só três, o que era muito mais fácil para mim controlar”, explicou o dinamarquês, confessando que “durante muito tempo” pensou que “era um erro estar na fuga” por só terem dois minutos de vantagem.
No ‘sprint’, a vitória daquele que, para muitos, é um dos mais injustiçados campeões mundiais dos últimos anos – o seu ‘reinado’ com as cores do arco-íris foi perturbado pelo surgimento da pandemia de covid-19 – nunca esteve em causa, com Wright e Houle a contentarem-se, respetivamente, com o segundo e terceiro lugares, com as mesmas 04:13.03 horas do vencedor.
Os restantes elementos da fuga do dia chegaram a 30 segundos e o pelotão, que simplesmente ‘parou’ nos derradeiros 15 quilómetros, cortou a meta 05.45 minutos depois. Nele chegaram Vingegaard, Tadej Pogacar (UAE Emirates) e Geraint Thomas (INEOS) e todos os outros nomes fortes da geral, que permanece imutável.
“São três vitórias em quatro dias para a Dinamarca, é incrível. Estou contente pelo Mads, ele merece”, congratulou-se o camisola amarela, que comanda a geral com 02.22 minutos sobre o bicampeão em título e 02.26 sobre o vencedor do Tour2018.
Depois de ultrapassar hoje uma jornada de transição, em que Nelson Oliveira (Movistar) foi 71.º a poucos segundos do pelotão e situou-se no 73.º posto da geral, o pelotão enfrenta novo desafio no sábado, na ‘acidentada’ 14.ª etapa, que liga Saint-Étienne a Mende, ao longo de 192,5 quilómetros pontuados por quatro contagens de montanha de terceira categoria e uma de segunda mesmo antes da meta.
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