Tadej Pogacar ganhou hoje pela terceira vez nesta Volta a França em bicicleta, ‘roubou’ quatro segundos a Jonas Vingegaard, mas saiu ‘derrotado’ da 17.ª etapa, desperdiçando um trabalho notável da UAE Emirates ao não distanciar o camisola amarela.
Foi o final mais dececionante para uma jornada ‘quente’ nos Pirenéus: depois da sua diminuída equipa ‘explodir’ a corrida nas duas montanhas anteriores, o expectável ataque do jovem esloveno nunca chegou, com o atual bicampeão do Tour a ‘limitar-se’ a ‘sprintar’, no alto de Peyragudes, para bonificar e, assim, encurtar a distância para o dinamarquês da Jumbo-Visma, ainda cifrada em 2.18 minutos.
“Dei absolutamente tudo. Sei que preciso de ganhar, não há outra maneira”, reconheceu ‘Pogi’, após ter-se tornado no segundo ciclista da história, depois de Giuseppe Saronni, a vencer, pelo menos, três etapas nas quatro grandes Voltas em que participou – além das nove vitórias contabilizadas em três participações no Tour, conta também com três na Vuelta2019, a sua primeira corrida de três semanas.
Mais do que o ‘morno’ duelo entre Pogacar, apoiado exemplarmente por Brandon McNulty, que ‘estourou’ nos derradeiros metros e foi terceiro na tirada, e Vingegaard, hoje ‘abandonado’ pela sua equipa a mais de 20 quilómetros da meta, foi a luta pelo pódio a animar a jornada, com Geraint Thomas (INEOS) a perder 2.07 minutos para o duo que o precede na geral, mas a ficar mais perto de regressar ao pódio nos Campos Elísios, onde já esteve como campeão (2018) e vice-campeão (2019).
Com apenas 129,7 quilómetros para percorrer entre Saint-Gaudens e Peyragudes, a jornada prometia ser intensa e foi-o desde o arranque: as tentativas de fuga sucederam-se ‘atabalhoadamente’, sem que nenhuma tivesse sucesso, algo que elevou ‘proibitivamente’ a média da etapa (37,804 km/h) e foi retirando ‘peças’ ao pelotão.
Foi preciso esperar pela ascensão ao Col d’Aspin, já depois de Wout van Aert (Jumbo-Visma) assegurar matematicamente que vestirá a camisola verde no domingo, nos Campos Elísios, para que, finalmente, Thibaut Pinot (Groupama-FDJ) e Alexey Lutsenko (Astana) ficassem na frente.
O duo, no entanto, esteve sempre a uma curta distância dos perseguidores, que incluíam o líder da montanha Simon Geschke (Cofidis), Bob Jungels (AG2R Citroën), Rigoberto Urán (EF Education-EasyPost) ou o nono classificado Romain Bardet (DSM), mas também do pelotão, que coroou a primeira de três contagens de primeira categoria do dia, situada ao quilómetro 65,7, a cerca de 1.30 minutos.
Apesar de já só ter três ‘escudeiros’ em prova, após Rafal Majka ter desistido hoje por lesão, Pogacar mandou o ‘rolador’ Mikkel Bjerg endurecer o ritmo no grupo de candidatos na subida seguinte, a Hourquette d'Ancizan, sendo Adam Yates (INEOS) a primeira ‘vítima’ entre o elenco do ‘top 10’, seguindo-se o seu companheiro Thomas Pidcock.
Mas foram os 10,7 quilómetros de ascensão a Val Louron-Azet a ‘condenar’ os fugitivos, mas também David Gaudu (Groupama-FDJ), Enric Mas (Movistar), Aleksandr Vlasov (BORA-hansgrohe) e, finalmente, Nairo Quintana (Arkéa Samsic), que descolaram do grupo do camisola amarela, reduzido ao próprio Vingegaard e ao seu colega Sepp Kuss, a Pogacar e ao ‘gregário’ McNulty e a Thomas.
Kuss foi o primeiro a ceder, deixando o dinamarquês entregue a si próprio, o galês da INEOS seguiu-se-lhe, com o duo que está a dominar esta edição a ficar novamente por sua conta, com McNulty como elemento estranho à parceria que tem animado as etapas de montanha deste Tour.
Os três seguiram juntos até aos derradeiros 300 metros da tirada, enquanto o campeão de 2018 tentava, primeiro com Bardet, e, depois, a solo, minimizar as perdas e, sobretudo, cimentar o seu terceiro lugar no pódio final, uma ‘miragem’ cada vez mais provável para o galês de 36 anos, que está a 4.56 minutos de Vingegaard, mas tem quase três minutos de vantagem para o quarto classificado, Quintana.
Quando McNulty ‘acabou’ – chegou a 32 segundos -, os dois ciclistas mais fortes desta Volta a França ‘desafiaram-se’ ao ‘sprint’, na contagem de montanha de primeira categoria, e o esloveno levou a melhor, concluindo a etapa em 3:25.51 horas.
Nelson Oliveira (Movistar), o único português em prova, chegou a 20 minutos do duo da frente e manteve o 60.º posto na geral, a 2:27.28 horas do camisola amarela.
Começam a escassear as oportunidades para ‘Pogi’ recuperar o tempo que perdeu no Col do Granon e a 18.ª tirada, a última de montanha, será, talvez, a mais indicada para essa missão: na quinta-feira, os 143,2 quilómetros entre Lourdes e o alto do Hautacam contam com três contagens de categoria especial, a última das quais a coincidir com a meta.
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