David Belda, ciclista que seria candidato à vitória na 76.ª Volta a Portugal se não houvesse um contrarrelógio no percurso, festejou hoje o seu segundo triunfo, chegando isolado ao alto da Senhora da Assunção.
Depois de no Larouco ter contrariado as suas preferências naturais, ganhando a terceira etapa debaixo de um dilúvio, hoje, com o sol a brilhar na povoada subida ao ponto mais alto de Santo Tirso, o ciclista da Burgos-BH confirmou-se como o mais forte (ou inteligente) na montanha, ao evitar os confrontos entre adversários na geral e partir, numa fantástica aceleração, rumo à meta para coroar-se vencedor pela segunda vez.
"Esperei que os portugueses se mexessem, vi o José Gonçalves sair e segui-o. Depois, aguardei pelo momento certo e arranquei", explicou o espanhol, que agora é oitavo na geral, a 50 segundos do camisola amarela Gustavo Veloso (OFM-Quinta da Lixa).
No entanto, apesar de ter estado em evidência na montanha, Belda não contém um sorriso quando lhe perguntam pela candidatura à amarela: "Se não houvesse contrarrelógio até podia ser favorito, mas com um crono de quase 30 quilómetros levo três minutos do Luis Léon Sánchez. Talvez tente mais uma etapa".
Perdida no mapa, Alvarenga estreou-se na Volta a Portugal, mas não testemunhou a formação da fuga do dia, que aconteceu apenas aos 57 quilómetros dos 161,3 a percorrer na quinta etapa, quando 14 corredores se isolaram na frente da corrida.
Dos 14 "sobreviveram" Victor de La Parte (Efapel-Glassdrive), o primeiro camisola amarela da 76.ª edição, Daniel Silva (Rádio Popular-Onda), um dos “flops” até ao momento, Arkaitz Duran (OFM–Quinta da Lixa), Raul Alarcon (Louletano-Dunas Douradas), Angel Madrazo e Fabricio Ferrari (Caja Rural), e Max Werda e Christian Mager (Team Stolting).
A falta de colaboração e os sucessivos ataques condenaram uma fuga a que se juntaram Hugo Sabido, outra das desilusões desta Volta, e Daniel Freitas, os dois da LA-Antarte, e que teve Arkaitz Duran, apanhado a três quilómetros da meta, como último resistente.
Decidida a testar a liderança de Veloso, a Efapel-Glassdrive lançou o "joker" Jóni Brandão numa preparação de terreno para Ricardo Mestre – mais uma vez, o "équipier" ficou à frente do líder na meta, sendo mesmo o melhor português, na quarta posição –, mas a OFM-Quinta da Lixa, com Nuno Ribeiro no comando, não deixou que fosse longe.
Ao esforço de desgaste do líder uniu-se a LA-Antarte, com o inesgotável António Carvalho na frente, levou a decisão para os últimos dois quilómetros: já depois de um ataque de Hernâni Broco (Louletano-Dunas Douradas), José Gonçalves (Seleção Portuguesa) sprintou serra acima, levando consigo apenas o pequeno Belda que, a 500 metros da contagem de segunda categoria, desferiu o golpe fatal.
Segunda etapa para Belda, com o tempo de 04:09.21 horas, mais um dia de amarelo para Veloso, terceiro na meta a três segundos do vencedor. Em segundo ficou o lugar-tenente do dorsal número um, Delio Fernández, enquanto o discreto, mas cada vez mais preocupante Luis Léon Sánchez a ser quinto.
O chefe de fila da Caja Rural, segundo na geral a 29 segundos, começa a ser apontado, nos bastidores da 76.ª Volta a Portugal, como o grande candidato à vitória final, uma vez que é o mais credenciado contrarrelogista (tem quatro títulos nacionais da especialidade) em prova.
Na terça-feira, é dia de "descanso" das montanhas (são 155 quilómetros entre Oliveira do Bairro e Viseu), na véspera da primeira e única jornada de repouso.
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