“Herói” na última edição da Volta a França, o ciclista português Tiago Machado recordou hoje o momento em que, aos 13 anos, cumpriu a sua primeira corrida oficial, envergonhado por ter “a pior bicicleta do pelotão”.
Agora que compete lado a lado com os melhores do Mundo, Tiago Machado revelou que quando se depara com uma qualquer adversidade, como a violenta queda no Tour2104, pensa nos “sacrifícios” que os pais passaram para fazer dele ciclista e é aí que encontra alento e coragem para seguir em frente.
“Não ia deitar a toalha ao chão assim do nada”, referiu o corredor da alemã NetApp-Endura, admitindo que aquela foi “uma queda feia” mas sublinhando que o que sofreu para continuar em prova não é comparável aos “sacrifícios” que os pais passaram para ele “chegar a ciclista”.
À margem de uma homenagem na Câmara de Famalicão, concelho de onde é natural, Tiago Machado contou que, na sua prova de estreia, em Vila do Conde, só compareceu na linha de partida cinco minutos antes da hora marcada.
“Estava um pouco envergonhado, porque sabia que tinha a pior bicicleta do pelotão. Na altura, tinha 13 anos, uma idade crítica”, assumiu e recordou que a prova não correu pelo melhor, tendo chegado “um pouco atrasado” em relação aos da frente, mas não desistiu.
Continuou a pedalar e este ano participou na “prova rainha” do ciclismo mundial, a Volta a França, de onde saiu com o epíteto de herói, atribuído, nomeadamente, pelo jornal francês “L’Équipe”.
Na 10.ª etapa do Tour, quando ocupava o terceiro lugar da classificação geral, sofreu uma queda violenta, que o deixou muito maltratado, mas levantou-se e cumpriu essa etapa até ao fim, chegando já fora do tempo limite.
No entanto, a organização decidiu repescá-lo e Tiago Machado cumpriu a “Grande Boucle” até ao fim, acabando por ser o melhor português, com um 72.º lugar na geral.
“Na altura, decidi continuar em prova. Não para ganhar protagonismo mas para dar a certeza aos meus pais, em especial à minha mãe, de que estava tudo bem, de que não tinha nada partido. A única coisa que a minha mãe me pediu antes da Volta foi que não caísse”, recordou.
Garantindo ser do tipo “antes quebrar que torcer” e evocando o ditado “dos fracos não reza a história”, Tiago Machado já pensa nas próximas corridas, nas quais promete entrar para “dar o seu melhor”, em nome de Famalicão e de Portugal.
Para já, a prioridade é reparar os estragos provocados pela queda na Volta a França.
“Ainda estou com o chassis um pouco torcido”, admitiu, com humor.
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