Duas comissárias abdicaram das suas férias para integrar o pelotão da 78.ª Volta a Portugal em bicicleta, como moto-ardósia, numa demonstração de paixão pela modalidade.
Xana Esteves e Rita Teixeira têm ligações familiares ao ciclismo. Uma é namorada de Fábio Silvestre (Leopard) e outra é filha de um antigo ciclista.
Já conhecem as corridas há vários anos, mas, pela primeira vez, sentem a adrenalina de acompanhar a todo o momento o pelotão, mostrando num quadro as diferenças de tempo entre as fugas e o pelotão.
“Costumamos estar mais com as equipas de meta, nas metas volantes, nas contagens de montanha e na chegada, mas estar em permanência numa mota junto ao pelotão é a primeira vez, a sentir a velocidade e o ambiente entre os corredores”, explicou à agência Lusa Rita Teixeira.
A bancária, de 29 anos, ex-jornalista e comissária há seis, aceitou o desafio com a garantia de percorrer os 1.618,7 da Volta com um ‘motard’ experiente, mas, nem por isso deixou de sofrer um susto, ao ver a queda de um outro, que transportava um fotógrafo, ao longo da primeira etapa, após perder o controlo da mota.
Como qualquer amante do ciclismo, a curiosidade maior remete a atenção de Rita Teixeira para as descidas da Serra da Estrela, onde, devido à velocidade, poderá não ser possível mostrar os tempos, e para a subida à Senhora da Graça, “para perceber como o público recebe o pelotão”.
“Sou um bocadinho chorona, lembro-me que no ano passado subi a Senhora da Graça de carro e fiquei toda arrepiada, até me vieram as lágrimas aos olhos”, frisou Rita Teixeira, antevendo nova emoção, no próximo domingo.
Também Xana Esteves, de 26 anos e comissária há oito, não hesita em apontar a etapa de Mondim de Basto como a mais entusiasmante, numa tarefa mais tranquila do que a de comissária, mas bastante sofrida por causa da exposição ao sol.
“Passamos um bocado mal com o calor, os fatos [de ‘motard’, completos] são um bocado quentes”, notou Xana Esteves, reconhecendo que este equipamento também serve de proteção em caso de queda.
O primeiro incidente de corrida que registou foi a queda do marcador, a poucos quilómetros do final da primeira tirada, em Braga, terminando mais cedo a primeira experiência como moto-ardósia da auxiliar de ação educativa num jardim de infância, que já fez quase tudo no ciclismo.
“Fui menina do pódio aos 14 anos. Quando fiz 18, como o meu pai era comissário, tirei o curso de comissário regional, depois o de nacional. Conheci o Fábio [Silvestre] e comecei a andar por cá. O ciclismo sempre foi o meu desporto de referência”, rematou.
Xana e Rita mostram ao pelotão e aos fugitivos a diferença temporal existente, que conhecem através do rádio volta, numa atualização que requer maior regularidade no final de cada etapa.
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