Campeão português em 2000/01, no momento mais alto da sua história, o Freixieiro sofreu com o domínio quase absoluto de Benfica e Sporting no futsal, mas espera agora apanhar a "boleia" da vitória no Europeu para reinvestir na formação.
A Associação Recreativa do Freixieiro é um dos clubes que esteve na génese da modalidade em Portugal quando em 1986 fundou a Associação de Futebol de Salão do Porto, explicou à agência Lusa o presidente do clube Mário Brito.
Em 2000/01, relembrou o líder do Freixieiro, no ano em que o clube "se sagrou campeão pela única vez na sua existência e em que o Benfica começou a prática da modalidade", o emblema de Matosinhos tinha seis escalões de formação.
Conhecido internacionalmente, o clube participou na década de 1990 na versão oficiosa da Liga dos Campeões, que decorreu em Madrid e, mais tarde, na Geórgia, já em formato oficial da prova, dispõe hoje "muito poucos meios", lamentou o dirigente.
A competir na II divisão de futsal, a aposta no regresso à divisão principal, obrigam os regulamentos, determina que tenha de ter dois escalões de formação ativos, um mal menor depois do "rebentar da crise em 2008", cujo "reflexo no desporto foi imediato", disse.
Sem acesso a subsídios camarários e com os patrocínios a escassear, o "realismo" fez o Freixieiro "prescindir de três ou quatro escalões para o clube não acabar", um processo que Mário Brito quer inverter em 2018/19, começando a crescer ao ritmo de um novo escalão por época.
Sentindo-se umbilicalmente ligado ao triunfo na Eslovénia pela presença de Tiago Brito (seu sobrinho) e Márcio Moreira, dois jogadores formados no Freixieiro, Mário Brito contou porque considera fazer parte de uma "família de campeões", numa história que começou em 1990.
"O 2.º Campeonato da Europa de Futebol de Salão decorreu no nosso pavilhão, em 1990, com Portugal a ganhar a final à Checoslováquia por 3-2, com o meu irmão, atleta do Freixieiro, a sagrar-se campeão europeu. Quis a história da vida que passados 28 anos, o meu sobrinho Tiago Brito também fosse campeão europeu de futsal", congratulou-se.
O entusiasmo gerado em torno da vitória no Europeu, acredita Mário Brito, dirigente há 42 anos do Freixieiro, "está a trazer muitas vantagens, há muitas portas que estão a abrir-se, pois toda a gente falou muito de futsal".
Crente de que a receção à seleção em Lisboa e as homenagens que as câmaras fizeram vão “permitir ao futsal crescer, ter mais atletas e patrocinadores", Mário Brito acredita também, ao nível desportivo, que a seleção vai "nos próximos 10 ou 15 anos ombrear com a Espanha".
Para o treinador do Freixieiro, Bruno Guimarães, a evidência de que surjam ganhos para a modalidade é algo que diz "pagar para ver", preferindo deixar "passar mais algum tempo" para perceber se é "apenas euforia ou algo mais".
"Poderemos ter alguns ganhos, mas isso terão de ser as altas patentes a decidir se podemos investir mais na modalidade, na formação, como Freixieiro já o fez", argumentou à Lusa.
Lembrado que o Freixieiro já teve todos os escalões, o treinador reclamou "mais apoio da parte da câmara, em termos logísticos, nos transportes e monetários", salientando que hoje em dia é "muito bonito criar-se um escalão, mas é preciso ter condições para isso", simpatizando, contudo, com a ideia de "recomeçar criando mais um escalão por ano" no clube de Matosinhos.
Treinador de uma equipa amadora, Bruno Guimarães concordou que a entrada do Benfica e Sporting trouxe "notoriedade" ao futsal e que "se entrasse o FC Porto a projeção seria ainda maior", vincando, contudo, que a presença dos emblemas de Lisboa "tirou a clubes, como o Freixieiro, as hipóteses de combate", por não disporem das "mesmas condições nem financeiras nem clubísticas".
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