O selecionador português de futsal, Jorge Braz, disse hoje que a linha de aposta deve continuar a ser "valorizar o ADN português", nos jogadores "pequeninos, dinâmicos e inteligentes".
"Ninguém tem um Ricardinho, um João Matos com a sua inteligência tática, um Bruno Coelho, um guarda-redes como o André Sousa, ou o Vítor Hugo e o Bebé", afirmou no Fórum dos Treinadores de futebol/futsal, a decorrer em Braga, na palestra "Como chegar a campeão europeu".
Para Jorge Braz, que levou Portugal a um inédito título europeu no futsal em 10 de fevereiro, ter "jogadores pequeninos, dinâmicos e inteligentes, com grande qualidade técnica, complica muito a vida às outras seleções".
"A linha de aposta que deve ser seguida é valorizar muito o que é nosso", afirmou, não fechando completamente as portas a jogadores naturalizados, desde que há muito radicados em Portugal ou que tenham vindo muito jovens para o nosso país.
Contudo, frisou: "o futsal português sempre teve uma identidade muito grande, temos que ser nós, ser Portugal, com a nossa cultura de futsal".
Lembrando o percurso que levou Portugal ao título europeu, Jorge Braz considerou que "resultou mais de um processo em desenvolvimento, de todo um trabalho que vinha de trás, do que um ‘clique’ ou palestra especial".
"Depois de estarmos nas meias-finais, com a Rússia, sentimos que tudo podia acontecer. Depois desse jogo, chegar ao balneário e ver que não havia grandes emoções nem festa porque dois dias depois havia uma final, aí senti muito" que era possível, disse.
O técnico destacou ainda "a força tranquila impressionante" com que a equipa encarou sempre as adversidades, o que o foi levando a pensar que "ia cair" para o lado de Portugal.
O treinador sublinhou ainda a "autonomia" que havia no grupo, com os jogadores mais experientes muitas vezes a intervirem no balneário ou nas paragens dos jogos, ‘substituindo' de alguma forma a liderança do selecionador.
"Não temos que andar sempre aos saltos ou aos pontapés nas garrafas de água a conduzir os meninos", acrescentou o técnico.
O treinador já está a preparar o Mundial de 2020 e assegura que Portugal "vai jogar para as medalhas".
"Queremos estar sempre no topo e, nas próximas três ou quatro competições, uma pode cair para o nosso lado", anteviu.
Jorge Braz defendeu ainda que "muita da evolução do jogador português deve-se à qualidade do treinador português" e considerou ser importante nos próximos anos apostar num "perfil altamente qualificado dos treinadores para os primeiros passos na formação".
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