Akebono ficará para sempre ligado à história do sumo. Foi ele o primeiro 'Yokozuna' - o título máximo para os lutadores do sol nascente - nascido fora do Japão, neste caso no Havai - em 300 anos de competição. O coração atraiçoou-o aos 54 anos de idade, mas o seu legado continuará vivo.
Akebono nasceu em Chadwick Haheo Rowan in Waimanalo, no Havai em 1969. Jogou basquetebol no ensino secundário, e teve uma passagem breve pela universidade antes de ser convidado por um amigo a mudar-se para o Japão por um amigo, que se tinha tornado treinador.
Sem saber uma palavra de japonês, Akebono entrou na hierarquia do sumo no Japão, começando de baixo, a cozinha e a limpar os espaços para os lutadores mais credenciados. "Tínhamos apenas força brutal, mas não eramos os mais técnicos", disse mais tarde numa referência aos lutadores havaianos, citado pelo New York Times.
Em 1992, uma comissão responsável que decide que lutadores têm condições para atingir o topo do sumo, e abraçarem a honra de ser Yokozuna, negou em primeira instância a promoção de Akebono. "Nenhum estrangeiro é digno da eleição", referiu na altura a comissão, sendo acusada de racismo. Apenas alguns atletas podem deter, e a seleção é muito criteriosa, entre os candidatos que venceram dois torneios consecutivos.
Em 1993 tornou-se no 64.º Yokozuna e à conta disso conheceu a glória numa das modalidades mais populares no Japão. Ao longo da sua carreira ganhou 11 Grand Tournaments.
A estreia profissional no sumo aconteceu em março de 1988. Apenas dois anos volvidos atingiu a divisão máxima da modalidade.
No Japão, a altura média está longe de ser das mais altas do mundo, mas no caso dos lutadores de sumo falamos de homens com um compleição física normalmente acima de 1,85 metros de altura e com peso bastante superior aos 100 quilos. Aqui Akebono também marcou a diferença, do alto dos 2,04 metros e com os seus 225 quilos.
Foi em 1993 que depois de atingir o seu terceiro grande título que logrou o estatuto de Yokozuna. Acabou por adquirir a nacionalidade japonesa em 1998, alterando o nome para Taro Akebono. Foi o havaiano que acabou por abrir as mentalidades, e no início dos anos 2000 alguns dos lutadores mais credenciados eram mongóis, um georgiano e até um argentino.
Akebono era um 'Leão' no doyo, mas muito tímido fora dele. Usava o seu tamanho para agarrar os oponentes e colocá-los fora do perímetro do tatami.
Foi com o lutador do Havai que o sumo viu renovada a sua popularidade. Ficou célebre a sua rivalidade com os irmãos Takanohana and Wakanohana, também dois grandes campeões.
Retirou-se em 2001, com 31 anos, devido a um problema no joelho, um ano antes venceu duas Taças do Imperador. Chegou a competir em provas de kickboxing, mixed marcial arts, e na wresling, onde fez a sua estreia em março de 2005, na Wreslamania 21, o maior evento da modalidade. Na altura defrontou num combate de sumo o lutador 'Big Show'. Akebono juntou-se mais tarde à All Japan Pro Wrestling no mesmo ano, tendo tido ainda uma passagem pelo New Japan em 2006.
O embaixador do Japão, Rahm Emanuel não conseguiu esconder a tristeza, apelidando-o de "gigante do sumo". "Ele abriu as portas para que outras lutadores estrangeiros conseguissem ser bem sucedidos no desporto", acrescentou.
"Senti-me honrado por ter tido a hipótese de me tornar Yokozuna, uma experiência ao alcance de alguns", referiu Akebono na altura da sua retirada da modalidade.
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