A Confederação do Desporto de Portugal (CDP) manifestou hoje a esperança de que os projetos estruturantes em curso no desporto português não sejam afetados com a queda do governo, confiando numa maior relevância do setor na campanha eleitoral.

“Dos projetos em curso, há dois principais: o plano de desenvolvimento desportivo, ainda que coordenado pelo IPDJ, com conselho diretivo ainda em funções, e apoiado por uma consultora, e que pode garantir a continuidade desses trabalhos, e outro que tem a ver com um pacote de investimento financeiro de 65 milhões de euros, em que não há nenhum impedimento para a sua continuidade”, especificou o presidente do organismo, Daniel Monteiro.

Em declarações à Lusa, o dirigente comentava o impacto para o desporto do chumbo da Assembleia da República à moção de confiança apresentada pelo Governo, que provocou a sua demissão.

“Este pacote financeiro já tinha sido aprovado, contratado. Já tinha sido assinado pelo governo e entidades responsáveis pela gestão das verbas. Estamos a aguardar há alguns meses que chegue a verba de 2025, que seja colocada ao dispor”, complementou.

Em causa, para 2025, estão 19 milhões do programa extraordinário apresentado pelo executivo, com cinco eixos de intervenção aprovados em dezembro de 2024.

No caso, 27 milhões de euros para três programas de Infraestruturas Desportivas e Centros de Alto Rendimento, bem como 15 milhões para cinco eixos no Desenvolvimento Desportivo, Inovação e Investigação.

Foram ainda destinados 12 milhões para dois projetos de Inclusão e Desporto para Todos, seis milhões para dois programas de Alto Rendimento e Carreira Dual, e cinco milhões para outras duas medidas nas áreas da Formação e Certificação.

“Há projetos em curso, há caminhos que foram definidos pelo agora anterior governo que ficam em causa e o que o desporto espera é que as condições e estabilidade dos atletas, dos treinadores, dos clubes e federações desportivas não sejam postas em causa”, destacou.

Daniel Monteiro assume que “a instabilidade nunca é positiva para qualquer setor”, mas acredita que os projetos vão ser executados “a 100%” e com a brevidade possível no que toca aos valores para este ano.

Diz ainda que o desporto tem sido “negligenciado ao longo das últimas campanhas eleitorais”, contudo, entende que isso vai mudar, considerando que o setor tem sido mais falado nos últimos tempos.

“Este pacote de investimento financeiro e o plano de desenvolvimento desportivo são notícias importantes, bons sinais dados ao país pelo governo e partidos da oposição. As expectativas são elevadas, nos últimos meses foram dados sinais importantes ao país sobre o papel social do desporto”, completou.

A Assembleia da República chumbou hoje a moção de confiança apresentada pelo Governo, provocando a sua demissão.

Votaram contra o PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.

De acordo com a Constituição, a "não aprovação de uma moção de confiança" implica a "demissão do Governo".

O executivo de Luís Montenegro fica agora em gestão, limitado aos atos estritamente necessários ou inadiáveis à continuação da sua atividade.