Ricardo Machado congratulou-se hoje por ser o único candidato à presidência da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC), assumindo que essa “confiança” dos agentes da modalidade apenas aumenta a sua “responsabilidade”.

“Estou satisfeito pela confiança que a modalidade depositou em mim e na equipa, com um número recorde de delegados subscritores. Ser lista única é grande responsabilidade para continuar o trajeto de afirmação e trabalho para uma canoagem cada vez mais forte e reconhecida pelo seu mérito”, congratulou-se o dirigente, em declarações à Lusa.

Desde 2012 na FPC, primeiro na equipa de Mário Santos, Ricardo Machado tem sido o vice-presidente para as seleções nos mandatos de Vítor Félix, que não pode recandidatar-se ao ato eleitoral de 29 de setembro, por ter atingido o limite legal de três mandatos.

Ricardo Machado elogia o labor em curso, mas entende que a atual forma de organização “chegou ao limite das suas capacidades”, pelo que deseja um conjunto de “mudanças estruturais” que permita à federação “continuar a crescer e a ser um exemplo nacional de sucessos desportivos”.

Com isso em mente, vai apostar em áreas centrais para o êxito, não sem antes incentivar a tutela a apoiar a canoagem de acordo com o que entende ser o mais “justo”, bastando que, para isso, o Estado “dê o exemplo e premeie o mérito desportivo”.

“Vamos continuar a lutar por aquilo que achamos que é justo. Que o financiamento à canoagem acompanhe o trabalho e resultados ao longo dos últimos ciclos olímpicos”, frisou.

Ricardo Machado advoga pela “sustentabilidade financeira” da federação – “com redução de custos e fontes alternativas de financiamento para colmatar a grande falha do Estado, que segue sem fazer jus ao nosso mérito” -, um dos motivos pelos quais pretende continuar a organizar competições internacionais, nas quais pode dar “experiência” aos mais novos, muitas vezes impedidos de evoluir, em provas fora do país, “devido a estrangulamentos orçamentais”.

Na forja estão alterações aos regulamentos, sobretudo os competitivos, para tornar a canoagem ainda mais “apelativa” e tentar “diminuir a taxa de abandono, ainda relativamente elevada nas camadas jovens”.

Acelerar a renovação das seleções nacionais das diversas disciplinas, com as mais relevantes figuras da canoagem a terem um papel ativo na “integração e renovação” das equipas.

“O Fernando Pimenta (35 anos), o João Ribeiro (35) e a Teresa Portela (36) são os nossos principais atletas e ainda terão um papel, podem ser úteis. A canoagem é um desporto com grande longevidade. É do nosso interesse que possam manter-se neste ciclo, na integração e renovação de novos valores, uma prioridade à qual vamos dar maior foco, mas que já tem vindo a ser trabalhada”, disse o dirigente.

Como maior expoente da transição nomeou o olímpico Messias Baptista, de 25 anos, “um dos melhores do mundo em algumas distâncias”, sem esquecer a “série de jovens” que tem conquistado medalhas em Europeus e Mundiais júnior e sub-23.

“Não vamos escamotear que é difícil. Os Fernandos Pimentas não aparecem todos os dias, tal como os Cristianos Ronaldos...", advertiu.

Ricardo Machado assumiu que a ausência de medalhas em Paris2024 não correspondeu às “expectativas fundamentadas” criadas no apuramento olímpico em 2023, com Fernando Pimenta campeão do Mundo em K1 1.000 metros e João Ribeiro e Messias Baptista o mesmo em K2 500, contudo recorda que não há muitos setores em Portugal com dois sextos melhores do Mundo, as posições de ambas as embarcações no evento.

Para Los Angeles2028, o desafio é “apurar o maior número de canoístas e embarcações possível”, sobretudo os K4 masculino e feminino: os desempenhos durante o ciclo ditarão “metas mais específicas e concretizáveis”, mantendo-se o objetivo de atingir “os lugares principais da classificação”.

A candidatura de Ricardo Machado foi subscrita publicamente por 53 dos 100 delegados à assembleia eleitoral.