O Lucas Oil Stadium, em Indianápolis, nos Estados Unidos, recebe por estes dias o NFL Scouting Combine, onde são realizados uma série de testes físicos e de habilidade para escolher os jogadores para os próximos ‘Drafts’.

E é neste autêntico ‘laboratório de observação’ que sobressai Shaquem Griffin, um atleta que impressionou os olheiros por levantar um peso de 102 quilos 20 vezes seguidas. Há apenas um pormenor que coloca em desvantagem aos restantes colegas: Shaquem não tem a mão esquerda, mas isso não o impediu de praticar desporto desde muito novo.

O jovem de 22 anos viu ser-lhe amputada a mão esquerda quando tinha quatro anos. Apesar desta limitação física, Shaquem não deixou de praticar desporto e destacou-se como ‘linebacker’ na University of Central Florida (UCF).

Griffin, de 1,84 metros de altura e com um peso de 104 quilos, bateu o recorde do seu irmão gémeo, Shaquill, que foi escolhido no ‘draft’ do ano passado pelos Seattle Seahawks. O jovem de 22 anos levantou o peso de 102 quilos por 20 vezes, ao passo que o irmão fez o mesmo exercício, mas conseguiu apenas 17 levantamentos. Para conseguir completar este teste, Shaquem colocou uma prótese no braço esquerdo que o ajudou a cumprir este objetivo.

Shaquem é natural de St. Petersburg, na Flórida, e é o mais novo de dois irmãos gémeos. Afetado pela Síndrome da Brida Amniótica, o atleta de 22 anos viu o seu pulso esquerdo ficar enrolado numa fibra durante a gravidez, o que fez com que a mão não se desenvolvesse.

Quando Shaquem tinha quatro anos, Tangie, a sua mãe, ouviu o filho queixar-se de dores durante uma noite. Não era a primeira que isso acontecia, mas estava a repetir-se com muita frequência. Nessa noite, a mãe ouviu passos na cozinha. Levantou-se e encontrou o filho com uma faca na mão direita, determinado em cortar a esquerda devido às fortes dores que tinha. No dia seguinte, Tangie levou o filho ao hospital e horas depois foi amputado.

O médico tinha sido explícito sobre as atividades que Shaquem não podia fazer e avisou os pais que o filho não podia de maneira alguma jogar futebol. Porém, e como todas as crianças, o agora atleta de 22 anos não conseguiu resistir e esteve a brincar com os amigos no primeiro dia na escola depois da operação. Tangie acabaria por encontrar o filho com o curativo sujo, cheio de sangue e com uma bola de futebol americano na mão. O sorriso no rosto não faltava.

O gosto pela NFL foi crescendo e o pai treinou os dois filhos da mesma forma e sem facilitar, mesmo tendo em mente que Shaquem estava em desvantagem em relação ao seu irmão gémeo. Quando ofereceram uma bolsa universitária a Shaquill que não incluía Shaquem, a proposta foi rejeitada até que a University of Central Florida acolheu os dois irmãos sem reservas, onde encontrou uma treinadora que o tornou no melhor ‘linebacker’ do Peach Bowl (competição universitária de futebol amaericano).

Shaquem superou-se e aprendeu todos os movimentos que um bom defesa deve saber. O jovem queria ser o jogador mais tenaz, determinado e consistente da sua geração. Nunca aceitou um tratamento diferente em relação aos colegas e até rejeitou o lugar de estacionamento reservado para deficientes na universidade por não se sentir como tal.

O jovem atleta tentou usar luvas especiais e até esteve em conversações com uma empresa especializada em fabricação de próteses com impressoras 3D, mas sente-se mais confortável a jogar sem nada no braço esquerdo.

Shaquem Griffin nasceu em julho de 1995. No seu último ano na universidade, foi eleito o defesa mais valioso do Peach Bowl na vitória de UCF sobre Auburn por 34-27.