Absolutamente inesquecíveis. Foram assim os Mundial de Natação que decorreram em Doha para as cores lusas, competição onde Portugal conquistou três medalhas: Duas de ouro nos 50 e 100 metros Mariposa (Diogo Ribeiro) e uma de bronze, na competição de águas abertas (Angélica André).

Nem nos melhores sonhos se esperavam resultados desta envergadura, mas a realidade é que Diogo Ribeiro e Angélica André colocaram mesmo a natação na ordem o dia no nosso país. Miguel Miranda, vice-presidente da Federação Portuguesa de Natação, fez em declarações ao SAPO Desporto o balanço da participação lusa, esperando naturalmente que as medalhas conquistadas possam trazer um impacto positivo e atrair mais jovens para a modalidade.

"Nós acreditamos que estes resultados possam ter um efeito bola de neve. Estas medalhas do Diogo Ribeiro tornaram o nosso sonho realidade. Deixámos de estar nas grandes competições apenas para participar, mas sim para acreditar que efetivamente é possível e esperamos que isso naturalmente possa dar origem a uma mudança de paradigma", começou por dizer.

Um problema que não é alheio à natação e a outras modalidades amadoras passa pela falta de investimento nas modalidade e nas infraestruturas, o que é no entender do responsável um "entrave" para o desenvolvimento da modalidade. Ainda assim, acredita em mudanças positivas, até porque as provas estão à vista.

"Mais investimento? Esperamos que sim, mas [a falta de verbas] é entrave, até pelas infraestruturas que dispomos, sentimo-nos muitas vezes castrados. Mas estes resultados veem demonstrar que quando nós investimos e há massa crítica conseguimos efetivamente ter resultados, à semelhança de outras modalidades amadoras", considera.

As medalhas também fizeram subir o patamar da ambição, e já se olha para os próximos Jogos Olímpicos como um objetivo no que a medalhas diz respeito. Ainda assim, Miguel Miranda salienta deixa uma alerta para não se colocar demasiada pressão no ombro dos atletas. "Depois desta euforia há que naturalmente colocar os pés efetivamente na terra, mas agora com um olho para as medalhas. Nós sabemos que os Jogos Olímpicos são o patamar máximo do desporto amador, e é para lá que os atletas apontam todos os seus objetivos. No caso da Angélica, pelo tipo de prova, ela pode fazer uma gestão de outra forma, no caso do Diogo são provas muito rápidas em que tudo é decidido nos pormenores. Eles fizeram provas absolutamente extraordinárias, mas não podemos colocar pressão...Mas se acreditamos que é possível, é... Se têm qualidade para lá chegar, indiscutivelmente que têm, mas não estão a competir sozinhos e todos têm a mesma ambição", finalizou.

Recorde-se que à chegada ao aeroporto de Lisboa, Diogo Ribeiro  não escondeu o desejo de conquistar uma medalha olímpica nos próximos JO em Paris.