O “melhor momento” da carreira da olímpica Angélica André valeu hoje a medalha de bronze na prova de 10 km de águas abertas da 36.ª edição dos Europeus de natação, em Roma, onde Portugal sobressaiu com três pódios.
“É o culminar de um trabalho de muitos anos, a cereja no topo do bolo e aquilo que acho que me faltava já há algum tempo e que queria. Por isso, só tenho de estar contente. É a terceira [medalha] de Portugal no Europeu e a primeira [de sempre nos 10 km de águas abertas]. É histórico e há que continuar a fazer isso”, frisou à agência Lusa a nadadora.
Nas águas mediterrânicas de Ostia, Angélica André completou o pódio dos 10 km a três segundos da alemã Leonie Antonia Beck, que triunfou ao fim de 2:01.13,4 horas, com a medalha de prata a ficar para a anfitriã Ginevra Taddeuci, a 1,8 segundos da vencedora.
A portuguesa superou mesmo por dois décimos de segundo a neerlandesa Sharon van Rouwendaal, quarta em Roma e campeã mundial da distância, que falhou a revalidação dos títulos continentais conquistados em Berlim2014, Glasgow2018 e Budapeste2020.
“Como digo sempre, passou pela consistência. Depois, perceber durante a prova quem é que está bem e mal, quais são as atletas mais fortes e quem aparece melhor numa reta final. Se calhar, a [minha] vantagem foi perceber ali algumas nadadoras que estavam em melhor forma e dizer que também tinha capacidade para ir e voltar. Senti-me superbem durante a prova e cada vez melhor no final. Não estava no sufoco nem lá perto”, contou.
Angélica André, de 27 anos, deu a segunda medalha a Portugal em Europeus de águas abertas, após a prata de Arseniy Lavrentyev nos 25 km em 2012, também em Itália, onde na véspera se distanciou do pódio nos cinco km por um “agridoce” décimo de segundo.
Em mais uma prova decidida sobre a meta, a nadadora do FC Porto ficou a dois décimos da medalha de prata, conquistada pela espanhola María de Valdés Álvarez (57.00,2 minutos), e a um décimo do bronze, ganho pela italiana Giulia Gabbrielleschi (57.00,03).
A luta ao ‘sprint’ deixou Angélica André a 1,7 segundos de Sharon van Rouwendaal, que venceu em 56.58,7 minutos, para unir o ‘tricampeonato’ europeu nos cinco km ao inédito cetro mundial obtido nos 10 km em junho, em Budapeste, onde a portuguesa foi sétima.
“Depois do Mundial que fiz, sabia que era possível tentar lutar pelas medalhas. Por isso, vim com essa missão. Corrigimos certos pormenores [de um dia para o outro], sobretudo na parte final, mas foi mesmo apenas isso. Falámos e discutimos sobre o que aconteceu ontem [sábado] para não suceder hoje e aprendi. Cheguei à reta final a dizer que não iria ser quarta colocada e tinha de ser melhor”, confidenciou a atleta natural de Matosinhos.
Oitava e sexta classificada nos cinco e 10 km dos Europeus anteriores, respetivamente, Angélica André espera “continuar no seu melhor momento daqui a um ou dois anos” e exulta com o desempenho de Portugal em Roma, abrilhantado igualmente pelos bronzes de Gabriel Lopes (200 metros estilos) e Diogo Ribeiro (50 mariposa) na natação pura.
“Acho que cada vez mais os [nadadores] portugueses vão ter a mentalidade de que não são pequenos e também podem estar a lutar por medalhas como os outros [países]. Não se deve só à mudança de mentalidade, mas há que acreditar, trabalhar e ser melhor”, notou a atleta, cuja estreia olímpica em Tóquio2020 se traduziu no 17.º lugar nos 10 km.
A 36.ª edição dos Europeus de natação termina hoje em Roma e proporcionou a melhor prestação lusa de sempre, num currículo que continha dois êxitos arrebatados por atletas olímpicos em piscina de 50 metros, tais como a medalha de prata de Alexandre Yokochi (200 bruços), em Sofia1985, e o bronze de Alexis Santos (200 estilos), em Londres2016.
Comentários