
“Não sei se tenho que ir rezar, não sei se tenho que ir esfregar uma pata de coelho, não sei”, lamentou António Laureano, afastando eventual malapata que tem tido com a Nazaré e as etapas do circuito mundial de Ondas Grandes na Praia do Norte.
“São coisas que não conseguimos controlar”, lastimou o jovem surfista de 23 anos, católico de fé, que, pela terceira vez não completa, em casa, na Nazaré, a etapa que integra o calendário da Liga Mundial de Surf (WSL)
“É a terceira vez que acontece”, recordou no final do TUDOR Nazaré Big Wave Challenge. Desta vez, por lesão da colega de equipa, Laura Crane, na primeira ida à água, num dia que, ainda assim, poderá recordar como sendo a sua estreia a surfar no campeonato.
Em 2022, Laureano ficou em terra devido a lesão da parceira de equipa, Justine Dupont, big rider francesa (vencedora da melhor performance feminina este ano) que tinha sido mãe pouco tempo antes.
Na edição 2023-2024, “Tony” Laureano lesionou-se num pé durante o treino de véspera da prova. A lesão tirou-lhe os dois pés da prancha e da surfada. Viria, contudo, sentado na mota de água, a puxar a brasileira Maya Gabeira para o seu segundo triunfo na Nazaré.
Nascido nas ondas que olham o Farol plantado no Forte São Miguel de Arcanjo, aguardava, com ansiedade, nesta temporada, a estreia no Circuito Mundial de Ondas Grandes.
Fez, contudo, uma meia participação. Surfou, pela primeira vez e guiou, pela segunda vez, mas ainda não foi desta vez que completou os dois heats da praxe. A sorte madrasta parece não querer dissipar sobre a sua pessoa.
Em conversa com os jornalistas, já vestido à civil e algo cabisbaixo, explicou o acidente. “Meti a Laura numa onda, numa direita, o pé de trás ficou preso no strep (leash), numa prancha pesada de 9 quilos, foi o suficiente”, justificou.
“Não sabemos o que aconteceu, torceu, não sabemos se partiu, o pé estava super inchado, ainda tentou conduzir em algumas ondas, meteu-me em duas ou três, mas estava com muitas dúvidas”, explicou.
Como consequência abandonou a prova, foi encaminhada para o Hospital para avaliação da lesão, a equipa desfez-se e nem António Laureano, nem a estreante britânica, Laura Crane, voltaram a descer as montanhas de água da Praia do Norte.
“Tantos anos à espera de uma onda e poderia ser melhor”
“Pelo menos consegui fazer uma onda boa neste campeonato. Fiz quatro ondas, mas só uma é que foi mais ou menos boa”, regozijou ao descortinar um ponto positivo.
“As condições estavam muito difíceis, estava difícil de encontrar as ondas boas, pelo menos na altura do meu heat, mas pronto, consegui surfar um bocadinho ainda”, suspirou.
“Tantos anos à espera de uma onda e poderia ser melhor, estava preparado para mais, estava há bastante tempo a treinar para esta temporada, os treinos na Nazaré foram para o campeonato, tinha a minha estratégia, a minha performance planeada, as minhas pranchas e o meu equipamento”, relatou, com uma dose de tristeza.
“Infelizmente, não consegui mais uma vez demonstrar o meu surf”, desabafou António Laureano, despedindo-se até à próxima passagem do circuito pela Nazaré.
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