Rafael Nadal conquistou no domingo o seu 14.º torneio de Roland Garros da carreira, tendo depois confessado que fez várias infiltrações para tentar combater as dores no pé esquerdo.
"Joguei sem sentir o pé, porque levei injeções no nervo. O pé estava dormente para não sentir nada”, avançou, ainda em ‘court’, o tenista maiorquino, em entrevista ao Eurosport.
Apesar de ter sido muito elogiado por ter jogado com dores, nem todos aplaudiram o estoicismo de Nadal. No seguimento destas declarações, vários profissionais do ciclismo, uma modalidade que tem o rótulo de ser palco do uso de substâncias dopantes, vieram a público mostrar o seu desagrado.
"Se estás doente ou lesionado, não competes. A longo prazo não estou certo que possa ser benéfico para o tornozelo do Nadal. Para além disso, a medicação, especialmente injeções, não têm apenas um efeito de sarar, podem também ter efeitos na performance, por isso no meu entender está um pouco no limite", referiu Guillaume Martim ao jornal francês 'L’Equipe'.
O ciclista da Cofidis considera mesmo que, na sua modalidade, a mesma situação teria logo um efeito adverso. "Se um ciclista fizer a mesma coisa, já estaria banido. E mesmo que não fosse o caso, todos viriam a público acusá-lo de ser dopado, porque há já um passado cultura, uma fama associada ao ciclismo. Enquanto isso, as pessoas aplaudem o Nadal por ser capaz de jogar com dores", defende.
"Creio que foi o Ibrahimovic que falou recentemente sobre injeções no joelho. Passam por heróis porque submetem-se à dor, mas na verdade eles tiram partido de substâncias para superar a dor e, repito, para mim é muito no limite. O vencedor no ciclismo, especialmente no Tour, mesmo que não haja nada, é sistematicamente acusado de doping", referiu.
Já Thibaut Pinot, ciclista da Groupama–FDJ, replicou uma publicação de Laurent Vergne, jornalista do Eurosport francês, na qual este partilhava a conversa de Nadal com Barbara Schett ainda no 'court': "Quantas injeções recebeste ao longo do torneio?", questionou Schett, à qual Nadal respondeu "é melhor não saberes".
"Os heróis de hoje...", comentou Pinot, em tom irónico.
Nos últimos dias, rumores quanto a uma possível retirada de Nadal após Roland Garros foram crescendo, mas o espanhol já adiantou que, mesmo não tendo certezas quanto ao seu futuro, estará presente em Wimbledon.
"Wimbledon sempre foi uma prioridade. Se puder jogar com anti-inflamatórios, sim [estará presente]. Não quero colocar-me na posição de ter de jogar com injeções anestesiantes outra vez. Pode acontecer uma vez, mas não é uma filosofia de vida que queira seguir", vincou.
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