
Seis dias após a revelação de uma carta assinada por membros do Top 20 do ténis mundial exigindo aos organizadores dos Grand Slams uma divisão monetária de prémios mais favorável para os jogadores, vários tenistas forneceram detalhes sobre a iniciativa quando começa o Masters 1000 de Monte Carlo.
Quem assinou a carta?
Segundo o jornal L'Équipe, a carta foi assinada pelos "membros do Top 20 masculino e feminino".
"Dentro da ATP, os jogadores do Top 20 foram contactados para ver se poderíamos assinar uma carta muito simples. É só uma carta aos Grand Slams para ver se os jogadores podem renegociar a parte das receitas que é distribuída aos tenistas", explicou à AFP no último sábado o canadianmo Felix Auger-Aliassime (19º).
No entanto, nem todos os membros do Top 20 masculino parecem ter sido contactados: o francês Ugo Humbert (20º) afirmou no passado domingo que não tinha sido "solicitado" para assinar a carta dirigida aos organizadores do Open da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e US Open, os quatro principais torneios de ténis.
O que pedem os jogadores?
Segundo os jogadores questionados em Monte Carlo, a parte das receitas que os tenistas recebem durante os torneios de Grand Slam está em volta de 15%, uma porcentagem que consideram insuficiente em comparação ao que recebem os campeões das grandes ligas desportivas dos Estados Unidos, como a MLB (beisebol) e a NBA (basquetebol).
"Não estamos a pedir 50% como na NBA, mas uma parte mais equitativa", explicou o alemão Alexander Zverev, número 2 do mundo e membro do Conselho de Jogadores da ATP.
Para o sérvio Novak Djokovic (5º), dono de 24 títulos de Grand Slam, por trás da carta não há "apenas" reivindicações econémicas, os jogadores também querem ser mais "consultados" pelos organizadores de grandes eventos "quando fazem mudanças e tomam decisões importantes".
"Isso afeta-nos diretamente, temos que participar nas conversas", aponta Djokovic, co-fundador do sindicato de jogadores PTPA, organismo que lançou em março uma investida judicial contra quatro dos órgãos principais do ténis mundial (ATP, WTA, ITF e ITIA), acusando-os de "explorar economicamente" os jogadores.
Que valores estsão em jogo?
Em 2025, o Open da Austrália distribuiu um total de 52,6 milhões de euros aos jogadores, divididos entre centenas de participantes.
O US Open projetou aproximadamente 68 milhões de euros em prémios aos jogadores em 2024, Wimbledon cerca de 58,5 milhões de euros e Roland Garros cerca de 53,5 milhões de euros.
Os números aumentaram regularmente nos últimos anos. Os torneios de Grands Slam dão menos detalhes sobre as suas receitas, mas a revista Forbes estimou em agosto do ano passado que o US Open gerou 514 milhões de dólares USD em receita operacional em 2023, um valor baseado Num documento financeiro dos organizadores.
O que dizem os Grand Slams?
Os quatro principais torneios do ténis mundial não se manifestaram publicamente desde a revelação da carta dos jogadores. Uma fonte da Federação Francesa de Ténis (FFT) confirmou à AFP que uma carta assinada por "um grupo de jogadores e jogadoras" foi recebida.
"Respondemos propondo uma reunião direta, aberta e constritiva no Open de Madrid (22 de abril a 4 de maio), em Roland Garros ou em qualquer outro momento conveniente", acrescentou.
Um tenista presente em Monte Carlo disse à AFP que uma reunião entre os jogadores e os representantes dos Grand Slams poderia "potencialmente" acontecer em Madrid.
Qual a ligação dos tenistas com as ações do PTPA?
As reivindicações dos jogadores do Top 20 chegaram duas semanas depois da investida judicial do Professional Tennis Players Association (PTPA), algumas das quais são reivindicações similares.
Não foi estabelecido nenhum vínculo formal entre as duas iniciativas e a maioria dos jogadores envolvidos individualmente nas ações legais da Associação dos Tenistas Profissionais não está dentro do Top 20.
O grego Stefanos Tsitsipas (8º) pediu no sábado "união" aos jogadores profissionais para "falar a uma só voz" e "obter o que é justo".
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