Em 2022, o impacto da COVID-19 continuou a fazer-se sentir no desporto, e o início do ano ficou marcado por uma grande polémica envolvendo vacinação, Novak Djokovic e as autoridades australianas. Tudo começou na noite de 5 de janeiro, quando o tenista sérvio aterrou no aeroporto de Melbourne para participar no Open da Austrália. Após a chegada, as autoridades de imigração revogaram o visto do atleta por não cumprir os requisitos de entrada no país, apesar de uma isenção médica que lhe fora concedida para poder participar no torneio – o sérvio não estava vacinado.

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Barrado às portas da Austrália, Djokovic decidiu recorrer e ficou a aguardar resposta num quarto de hotel, isolado e sob vigilância policial. Sucederam-se manifestações de apoio ao tenista, nomeadamente do presidente sérvio Aleksandar Vucic, bem como à porta do centro de detenção em Melbourne. Até que, ao fim de quatro dias, o juiz Anthony Kelly ordenou a libertação de 'Djoko'.

O sérvio permaneceu em solo australiano, sob a ameaça de deportação, com os seus advogados a sustentarem a isenção médica com um teste positivo à COVID-19 realizado a 16 de dezembro. De imediato surgiram imagens de Djokovic em vários eventos nos dias seguintes, um deles envolvendo dezenas de jovens, dando a entender que o atleta teria furado o isolamento.

‘Djoko’ acabou por admitir que foram cometidas falhas no preenchimento dos documentos para entrar na Austrália e que agiu mal ao dar uma entrevista a um jornalista depois de testar positivo para o novo coronavírus.

Após uma intensa batalha legal, o Tribunal Federal australiano indeferiu o recurso de Djokovic e este acabou mesmo por abandonar o país, na véspera do início do Open da Austrália. "Estou extremamente desiludido com a decisão do tribunal", disse o tenista, em comunicado. O presidente da Sérvia também reagiu considerando que 'Djoko' foi maltratado e vítima de uma "caça às bruxas", digna de um espetáculo "orwelliano".

Novak Djokovic, à data número um do mundo, pretendia atingir o recorde de 21 títulos em torneios de "Grand Slam", caso ganhasse o torneio, que já venceu por nove vezes. Sem o sérvio na corrida, acabou por ser Rafael Nadal a conseguir esse feito, ao bater na final Daniil Medvedev.

Impedido de entrar nos EUA

Terminada a 'novela' na Austrália, Djokovic reapareceu em Roland Garros, onde foi eliminado nos quartos de final por Nadal, e sorriu finalmente em Wimbledon, após vencer a final frente ao australiano Nick Kyrgios. No entanto, o sérvio abdicou de participar no US Open, quarto e último torneio do Grand Slam da temporada, por manter a recusa em vacinar-se contra a COVID-19, estando por isso impedido de entrar nos Estados Unidos.

"Infelizmente, desta vez não poderei viajar para Nova Iorque para o US Open (...) Boa sorte aos meus colegas jogadores! Vou manter-me em boa forma, com um estado de espírito positivo e esperar para poder retomar a competição. Até breve, mundo do ténis", informou 'Nole' através do Twitter.

A ordem de deportação a Djokovic incluía também uma proibição de três anos de entrar na Austrália. Contudo, no passado mês de novembro, o governo daquele país decidiu conceder ao sérvio um visto temporário para que este possa participar na edição de 2023 do Open da Austrália, mesmo sem estar vacinado.

O revés na decisão não surpreendeu: o governo australiano é agora liderado pelo primeiro-ministro de centro-esquerda Anthony Albanese - na altura da deportação estava no poder uma coligação conservadora. "Fiquei muito feliz ao receber a notícia. Foi um alívio, obviamente. O Open da Austrália é o meu Grand Slam de maior sucesso, do qual guardo as melhores lembranças. Claro que quero voltar e jogar ténis, que é o que faço melhor", afirmou Djokovic.

A Tennis Australia, responsável pela organização do torneio, também se regozijou com a decisão: "Sempre nos esforçamos por ter todos os melhores jogadores do mundo a competir em Melbourne. Esperamos proporcionar o melhor torneio de sempre a jogadores e adeptos".