Aos 97 anos, o ucraniano Leonid Stanislavskyi ocupa o 57º lugar do ranking ITF (para maiores de 90 anos) e aparece no livro de recordes do Guiness como o tenista mais velho da história. Joga desde os 32 anos e treinava três vezes por semana até a guerra lhe bater à porta.
"Isto começou a 24 de fevereiro e desde esse dia praticamente não saí mais. Estou em casa. Tenho comida, o frigorífico está praticamente cheio, e fico sentado em casa", revelou em declarações à agência Reuters.
A viver em Kharkiv, uma das cidades mais fustigadas pelos ataques russo, Stanislavskyi confessa que poderia ter viajado para a Polónia, onde tem uma filha, "a Tanya, que me quer levar para junto dela", mas preferiu não o fazer.
"Decidi ficar aqui. Ouço mal, por isso continuo a dormir bem. Na última noite houve bombardeamentos, de manhã ainda estavam as sirenes a tocar", explica ainda.
Esta não é a primeira guerra que o veterano tenista enfrenta. Na Segunda Guerra Mundial, Stanislavskyi era engenheiro e ajudava os soviéticos a construir aviões para combater os nazis. No entanto, admite que não pensava repetir a experiência.
"Nunca pensei viver outra guerra, mais assustadora ainda, com mortes dos dois lados, mães a perderem os filhos e mulheres a perderem os maridos. Estamos no século XXI, não pode haver guerras. Tem de haver um entendimento. Putin, isto é um massacre, por favor para a guerra", pede Stanislavskyi.
Apesar de tudo, o tenista não se deixa ir abaixo e promete: "Sobrevivi à II Guerra Mundial e irei sobreviver a esta". "Não tenho medo, mas quero voltar a jogar ténis. E chegar aos 100 anos", acrescenta ainda.
Em outubro do ano passado, Leonid Stanislavskyi cumpriu um sonho ao enfrentar Rafael Nadal. Apesar da idade, mantém ainda a esperança de encontrar igualmente Roger Federer. Mas, por enquanto, o grande objetivo do tenista ucraniano é marcar presença no Mundial de Veteranos, que acontece de 7 a 14 maio, em Palm Beach, na Flórida.
Recorde-se que a Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.
Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,7 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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