"Esta situação já causou danos a mais de um milhão de vidas e mais de metade são crianças", pelo que, se são os "principais intervenientes neste teatro de desgraça" a Helpo considera que a história "deve ser contada às crianças", explica Carlos Almeida, coordenador da ONG em Moçambique.

"Obviamente, é contada de uma forma filtrada, mas sempre tendo acesso à história como ela é", a partir dos relatos de jovens e crianças de povoações atacadas e que foram obrigadas a fugir -- depoimentos recolhidos pela autora do livro, Maria João Venâncio, e que deram origem à exposição da Helpo "Escola do Caminho Longo".

"O sonho principal destas crianças é continuarem a estudar", destaca.

Os relatos são feitos por alguns dos 3.000 alunos que já beneficiaram do programa de bolsas da Helpo para acesso ao ensino secundário, na província onde a ONG também tem ajudado a aliviar a pressão sobre bairros de acolhimento -- por exemplo, com novas salas de aula.

O livro infantojuvenil "A aldeia que os monstros engoliram" já foi lançado em Lisboa, em junho de 2022, e é agora apresentado no Camões - Centro Cultural Português, em Maputo, quarta-feira às 18:00 (16:00 em Lisboa), com a presença do ilustrador moçambicano Luis Cardoso.

O livro conta a história de Suzi, uma menina de 10 anos que se viu obrigada a fugir de casa e caminhar centenas de quilómetros para escapar aos "monstros" que atacaram a sua aldeia, na esperança de chegar a um lugar seguro. 

"Se as crianças, mesmo as mais jovens, tiverem contacto com estes cenários que não são bons, mas são a realidade, pode ser que quando crescerem tenham outra sensibilidade e consigam perceber os problemas da outra forma", acrescentou Carlos Almeida, numa alusão à urgência humanitária.

O livro vai estar à venda no local do evento com uma sessão de autógrafos do ilustrador e posteriormente estará disponível no centro Futurando, onde funciona a sede da Helpo, no Jardim dos professores, em Maputo.

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