
"Trinta dias depois da promessa de Filipe Nyusi, ainda não há esclarecimento sobre a repressão violenta da marcha do dia 18 de março", referiu o CDD, em comunicado.
O Ministério do Interior, entidade que ficou com a missão de apurar as circunstâncias da "atuação brutal da polícia", ainda não se pronunciou sobre o assunto, avança a nota.
Para a organização não-governamental (ONG), o silêncio em torno do assunto segue um padrão das autoridades moçambicanas, caracterizado por um "histórico de incumprimento de promessas por parte do Governo de Filipe Nyusi".
O CDD recordou que cinco dias depois dos acontecimentos de 18 de março, o Presidente da República reagiu às ocorrências, através de um discurso em que condenava a violência policial e criticava pessoas a quem chamou de "infiltrados" e "gente mal-intencionada" entre os manifestantes.
"Face aos acontecimentos na capital do país, Maputo, orientamos o Ministério do Interior para que proceda com uma averiguação das razões que levaram a polícia a adotar uma postura de confronto físico com os jovens. Igualmente, identificar aqueles que procuram se aproveitar da virtude individual do jovem 'rapper' Azagaia para atingir os seus intentos", afirmou, na altura, o chefe de Estado moçambicano.
O CDD assinalou que as forças policiais violaram direitos fundamentais e a Constituição da República, ao agredirem marchantes pacíficos, em várias cidades do país.
Na semana passada, a procuradora-geral da República (PGR), Beatriz Buchili, disse no parlamento que quatro polícias e 10 civis são alvo de processos-crime, na sequência da repressão policial às manifestações de 18 de março.
"Relativamente às ocorrências do dia 18 de março de 2023, as mesmas apontam para situações de violação da lei, o que conduziu à instauração de processos-crime com vista ao esclarecimento dos factos e à responsabilização dos implicados", afirmou a PGR.
A Lusa contactou a Presidência da República e o Ministério do Interior, que ainda não se pronunciaram sobre as críticas do CDD.
PMA // LFS
Lusa/Fim
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