"Penso que, a 21 de junho, deixarei a CFDT, que está a ir bem", disse Berger em entrevista ao jornal Le Monde, acrescentando que será substituído pela sua atual número dois, Marylise Léon.

"Não é um capricho nem uma escolha ditada pela atualidade", assegurou o sindicalista, depois de três meses de contestação à reforma da lei das pensões.

Berger afirmou também que a luta pelas reformas "não acabou" e apelou novamente aos franceses para que saiam às ruas "em massa" no 1.º de maio, jornada simbólica em que a intersindical, que agrega pelo menos 11 estruturas sindicais, pretende fazer uma das maiores manifestações de rua dos últimos anos.

Concluiu com uma acusação ao presidente da República, que "limpou os seus pés aos trabalhadores".

A revisão da lei das pensões - um projeto impulsionado por Macron, que aumenta a idade de aposentação sem penalizações financeiras de 62 para 64 anos - foi aprovada sem votação na Assembleia Nacional, recorrendo a uma disposição prevista na Constituição francesa.

Após a decisão favorável do Conselho Constitucional face a esta reforma, Macron decidiu promulgar a reforma na noite de sexta-feira para sábado.

Macron tinha 15 dias para promulgar a lei e a promulgação imediata desagradou aos sindicatos, que tinham pedido ao Presidente uma moratória para a aprovação final.

A medida tem levado a fortes contestações por todo o país.

Na quinta-feira, o Ministério do Interior francês estimou em cerca de 380.000 os manifestantes que saíram à rua em França na 12.ª jornada de protesto, enquanto a central sindical CGT contabilizou "mais de 1,5 milhões".

 

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