"Continuamos a usar Essuatíni [antiga Suazilândia] como via alternativa para chegar a Durban, mas não é uma via eficiente. Estamos a sofrer com os custos operacionais", declarou à Lusa Frederico Lopes, presidente da Associação Moçambique, África do Sul e Associados.

Em causa estão episódios registados nos últimos dois meses em que pelo menos 14 veículos moçambicanos, incluindo carros de civis, foram queimados por assaltantes na estrada R22, entre Hluhluwe e Mbazwane, na província sul-africana de KwaZulu-Natal.

O troço fica a cerca de 90 quilómetros da fronteira e faz parte da ligação usada por vários transportadores entre Maputo e Durban.

Segundo Frederico Lopes, a via alternativa é muito mais onerosa e burocrática, implicando que os veículos moçambicanos percorram 123 quilómetros a mais para chegar a Durban.

"Quem está a usar a via mais curta, a partir da Ponta do Ouro, são os transportadores sul-africanos. O que é, de certo modo, injusto. Os clientes acabam optando por usar os carros sul-africanos e nós, que já estamos a registar prejuízos, ficamos numa situação mais complicada ainda", acrescentou Frederico Lopes.

Além de percorrer 123 quilómetros a mais, por Essuatíni, os transportadores moçambicanos enfrentam também a burocracia, tendo em conta que as pessoas são obrigadas a atravessar duas fronteiras.

"Os nossos passaportes têm de ser carimbados em Moçambique, Essuatíni e na África do Sul. As pessoas que nós levamos são normalmente comerciantes e, para elas, estar a suportar as três fronteiras é um pouco complicado", declarou Lopes, em alusão aos procedimentos para entrada e saída entre os três países, incluindo algumas taxas aplicadas nas fronteiras.

Os ataques, registados sobretudo em fevereiro, surgiram depois de comunidades locais de KwaZulu-Natal se queixarem de vários roubos de veículos alegadamente contrabandeados para Moçambique e que têm passado impunes.

Devido à sua estabilidade económica, a nível regional, a África do Sul, a terra do rand (moeda sul-africana), é um dos países que mais recebe imigrantes de várias regiões africanas, mas principalmente dos Estados vizinhos, incluindo Moçambique.

A África do Sul, a maior economia da região, acolhe mais de dois milhões de moçambicanos que trabalham nas minas, campos agrícolas e comércio informal, segundo os mais recentes dados avançados pelas autoridades.

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