Não se trata de gostar muito ou pouco de Di Maria, o qual eu sou um fã desde que me lembro e que foi um dos grandes protagonistas para me fazer gostar tanto de futebol. Trata-se daquilo que o argentino já não consegue oferecer ao jogo e aquilo que os seus substitutos conseguem.

Di Maria é um jogador de meros rasgos individuais. Já não é um jogador associativo como os restantes colegas são, não tem a velocidade de um extremo, exagera no passe longo, nas viragem de centro de jogo, na forma como desce no campo para ter mais bola, para além de ser uma solução "ilógica" para a restante equipa quando o mesmo está em campo. Face ao seu estatuto e face ao que outrora foi, Di Maria continua a ser a solução mais usada em momentos de maior dificuldade, apesar de já não conseguir fazer coisas que em outros tempos fazia.

Continua com decisões e visão que só ele tem, mas não tem a mesma velocidade de ação técnica, não consegue ser um jogador que se associa constantemente com os seus colegas e não é um jogador que consegue procurar espaço. É um jogador que quer jogar para o espaço. Já para não falar das evidentes dificuldades defensivas associadas também às questões físicas.

Dahl em ação pelo Benfica
Dahl em ação pelo Benfica Dahl em ação pelo Benfica créditos: © 2025 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Dahl, Schjelderup, Bruma e Akturkoglu oferecem soluções diferentes, porém todos eles garantem maior rendimento neste específico momento. Dahl dá muito melhor associativismo e segurança defensiva, Schjelderup dá melhor 1vs1 e jogo em espaço reduzido, com melhor velocidade nas ações técnicas e deslocação, Bruma igualmente e Akturkoglu oferece melhor procura do espaço, capacidade de finalização e melhor ligação entre os colegas.

Resumidamente, Di Maria é um jogador que precisa que os seus colegas se movam para oferecer jogo, todos os restantes movem-se para os outros terem espaço para jogar. O jogo encarnado torna-se mais fluído quando Di Maria não está dentro do campo e isso não é aleatório. O jogo torna-se mais associativo, mais curto e as variações do centro de jogo são executadas nos momentos certos durante a partida.

Não escrevo que Di Maria não possa ser importante, que não seja importante, mas escrevo que não é a melhor solução no 11 inicial. Não era com Roger Schmidt face às ideias de jogo do alemão e não é com Bruno Lage face à dinâmica ofensiva específica deste Benfica. Se o argentino jogar continuará a ter números e momentos de genialidade, como sempre teve, todavia sinto que os erros constantes não justificam uma titularidade sobre os seus restantes adversários de plantel.

O Benfica cresce sem Di Maria e perde-se com ele. A sua importância terá de ser a partir do banco, principalmente em jogos que estejam "partidos", que exijam maiores momentos de transições. Di Maria não é a melhor solução coletiva.