No Sporting-Marítimo aconteceram várias peripécias habituais no futebol, mas que não deveriam suceder. Exemplos: a infeliz arbitragem, a desinspirada primeira parte dos leões, a inesperada e nervosa atuação de Eric, o incrível alheamento ao jogo por parte de Carrillo, a incorreta colocação de Rui Patrício no golo de livre e a precipitação de Montero.
As arbitragens são sempre discutíveis, são o pomo da discórdia entre adeptos, mas como raramente as discuto, fico-me por aqui. Da inabitual e incerta exibição dos leões nos 45 minutos iniciais analisarei mais à frente.
Eric é um dos melhores centrais leoninos, por isso estranha-se a tremedeira na abordagem dos lances. Carrillo tem tudo para ser um excelente jogador. Estes casos terão de ser muito bem abordados no aspeto psicológico, de forma a recuperar estes dois excelentes jogadores.
A colocação dos guarda-redes, quer nos livres de canto, quer nos restantes, deve posicionar-se de forma favorável às suas interceções. Isto treina-se. Por isso não se admite estes erros de colocação. Culpar Rui Patrício e ilibar o técnico específico de guarda-redes e o treinador principal não é correto.
Montero ontem perdeu várias oportunidades para marcar, o que não é habitual. Pareceu precipitado e ansioso por faturar. Um goleador deve antecipar mentalmente o remate e concretizá-lo com serenidade intencional do destino onde deseja colocar a bola. A sofreguidão é má companheira.
A menos conseguida primeira parte dos leões deve-se à falta de um meio-campo mais rápido, mais esclarecido, mais pressionante e melhor organizado. Vítor tem visão de jogo, mas é demasiado lento, quer nas ações atacantes e sobretudo na recuperação defensiva. William é um pêndulo na ligação defesa-ataque, mas tem de se incorporar mais nos lances ofensivos. Sobra Adrien, o qual ontem foi um colosso ao realizar um jogo de luxo.
Também há que realçar os pontos positivos deste emocionante encontro. Pedro Martins apresentou quatro alterações face ao jogo com o Freamunde. E desta vez surgiu o seu desejado Marítimo. A equipa, além da estrutura, assenta na velocidade e habilidade dos seus avançados, que são difíceis de travar. Com esta exibição Pedro Martins recuperou a equipa.
Ao colocar em jogo Slimani, Leonardo Jardim acertou em cheio, dado que o argelino esteve na origem da reviravolta. Aliás, era o que se esperava, já que quando uma equipa está a perder a tendência é de colocar a bola na área adversária. Perante os gigantes centrais do Marítimo era necessária, tal como se provou, a presença de um “pinheiro”.
Sami e Heldon são jogadores que fundem a técnica na velocidade e dessa junção saem magníficas jogadas de futebol. Capel regressou e mostrou não só pelo golo marcado que tem estatuto de titular. William nunca joga mal, mas pode render muito mais se se libertar das amarras de trinco. Adrien ontem esteve omnipresente em todo o lado e mereceu justamente ser eleito o jogador do jogo.
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