O futebol é como uma caixa de chocolates, nós nunca sabemos o que nos vai calhar. Esta frase é familiar? Se viram o "Forest Gump" sim, se não viram, parem de fazer asneiras, deixem de perder tempo e vejam. Esta deve ter sido a frase que Pinto da Costa pensou quando viu os resultados das eleições. Se calhar não foi bem esta frase, deve ter metido uns 'F's de Filhos entre outras coisas, mas a verdade é esta.

Decidi falar de Pinto da Costa antes do Clássico de ontem pois, para mim, ele merece-o. É uma figura ímpar do futebol português. Amado por uns, odiado por outros, casado com muitas, é um homem que além de ser o presidente mais titulado do mundo, é também o que tem maior longevidade no cargo. Há primeiros ministros que não aguentam 2 anos no cargo e Pinto da Costa esteve 42 anos à frente de um clube. Quando Pinto da Costa assumiu a presidência do FC Porto, o CD que entretanto já desapareceu, ainda não havia sido inventado, não haviam câmaras descartáveis nem lentes de contacto e espantem-se, também não havia internet. Se quisessem ler as tretas que escrevo, não podiam, não por causa da internet, mas porque também ainda não tinha nascido.

No Clássico de ontem o FC Porto decidiu entrar à Pinto da Costa e fazer ao Sporting o que o seu antigo presidente fez aos leões no seu reinado, colocar o Sporting em segundo plano.

Numa noite de surpresas, Sérgio Conceição levou a melhor sobre Amorim. A equipa do FC Porto dissecou a equipa verde e branca. Foram dois golos na primeira parte mas ninguém ficaria surpreendido se ao intervalo o Sporting estivesse a levar a coça da época. Os azuis e brancos pareciam uma criança livre no Parque de Diversões e com permissão para entrar nas animações de adultos. Era só curtir e abusar!

Rúben Amorim inventou para o seu lado e deu-se mal. Um dia, quando falarem de invenções falhadas, irão lembra-se de Gonçalo Inácio sem rotinas a fazer o lado esquerdo da defesa leonina. Uma má invenção só suplantada pela de David Luiz, nos famosos 5 a 0 de 2010.

Aos 42 minutos de jogo, os portistas prestaram a sua sentida homenagem a Pinto da Costa. Foi fofo, lembrou um pouco um homem a sair de casa só com a roupa do corpo com a ex-mulher à janela a acenar e a dizer que não é nada pessoal mas que o sentimento já não é o mesmo. Foi bom enquanto durou.

No início da segunda parte St. Juste livra-se do segundo amarelo e Amorim começa a mexer.

O FC Porto sentia-se confortável. Sabem quando bebem de mais, mas parece tudo bem? O que custa é depois quando nos pomos a pé e o mundo gira a uma velocidade louca. O FC Porto pôs-se a pé aos 87 minutos e num minuto caiu. Gyokeres, vindo do banco, fez num minuto o que muitos não conseguem em 90, marcar dois golos. Paulinho deve olhar para Gyokeres como eu olho para os truques do Luís de Matos. Como é que funciona essa bruxaria?

O Sporting salva assim um ponto no Dragão, mas é um ponto que sabe a três. O campeonato continua perto mas se Amorim continuar a inventar, pode complicar as coisas.

Viva o futebol