
Fechou-se mais uma janela de transferências e, como tem sido habitual, o Benfica foi o clube português que mais dinheiro desembolsou, com um investimento superior aos 100 milhões de euros em reforços.
À Luz, chegaram jogadores com qualidade - se suficiente para levar a melhor sobre os rivais nesta temporada, só o futuro dirá -, mas fica a sensação de que os encarnados pagam demasiado pelos seus futebolistas. Não pelo rendimento que estes apresentaram antes de chegar ao Benfica, mas pelo que tinham custado pouco tempo antes aos seus antigos clubes.
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Vejamos, por exemplo, o caso de Richard Ríos. O médio colombiano, que chegou ao Benfica proveniente do Palmeiras, levou as águias a investirem 27 milhões de euros no seu passe, mas o clube brasileiro tinha-o contratado ao Guarani há pouco mais de um ano por apenas 1,38 milhões.
Uma situação em tudo semelhante à de Franjo Ivanović, pelo qual foram despendidos 22,8 milhões de euros, e isto falando apenas no valor fixo, sem objetivos, enquanto no verão passado o Union Saint-Gilloise tinha assegurado a sua transferência por apenas 4 milhões. O próprio Dodi Lukébakio, que custou, para já, 20 milhões de euros ao Benfica, tinha sido contratado pelo Sevilha dois anos antes por 10 milhões, exatamente metade do preço.
Até Mohamed Amoura, cuja transferência acabou por não se concretizar, terá motivado - isto sempre segundo os relatos que foram surgindo na imprensa ao longo do último mercado de verão - propostas na ordem dos 30 milhões de euros, quando o argelino foi contratado pelo Wolfsburgo este ano, após uma temporada de empréstimo, por menos de 15 milhões.
Realço que não está em causa a mais-valia dos reforços contratados pelo Benfica no último verão - essa ainda terá de ser comprovada ao longo da época. A questão aqui é a falta de antecipação ao mercado demonstrada na hora de trazer novos jogadores, principalmente quando estamos a falar de um clube conhecido pela eficácia do seu departamento de scouting, que tantos talentos já identificou com sucesso.
Parece que o Benfica deixou de ir buscar jogadores diretamente à 'fonte' para esperar que estes tenham mais provas dadas antes de serem contratados. Um pouco como fazem os grandes clubes europeus com os futebolistas que contratam, nem de propósito, no futebol português, ainda que numa escala completamente diferente, com transferências que chegam a valores ainda mais altos.
Com esta abordagem ao mercado, o Benfica contrata jogadores com outra bagagem, pelo menos no plano teórico, mas é inegável que precisa de desembolsar muito mais dinheiro para reforçar o plantel.
Resta perceber se este caminho é sustentável a médio prazo, pois exige ao clube um esforço financeiro indubitavelmente maior - ainda assim, se os reforços corresponderem em campo, os milhões agora investidos podem vir a revelar-se uma espécie de mal necessário.
O desafio para o Benfica será, daqui em diante, conciliar a aposta em jogadores 'feitos' - ou o mais perto disso possível, tendo em conta a realidade do nosso futebol - com a recuperação da capacidade de antecipação ao mercado que tantas vezes deu frutos no passado.
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