Numa das melhores épocas dos gunners e com um Arsenal totalmente renovado em comparação à chegada de Arteta ao clube, 89 pontos não foram suficientes para vencer a Premier League. A equipa de Arteta melhorou colectivamente os vários momentos de jogo, arranjou novas soluções ofensivas e consolidou o seu processo defensivo, não perdeu qualquer jogo frente aos restantes big-6 e, ainda assim, não foi capaz de trazer o título para casa.

Há pouco tempo atrás seria impensável dizer que o Arsenal era candidato ao título, porém hoje são uma realidade. Uma realidade que não se tornou em sonho porque o professor do treinador do Arsenal continua a fazer-lhe frente. Guardiola, com os seus 12 campeonatos conquistados em 15 possíveis, levou o Manchester City a fazer história, conquistando a Premier League quatro vezes consecutivas pela primeira vez em Inglaterra.

A festa de mais um título do Manchester City na Premier League
A festa de mais um título do Manchester City na Premier League créditos: AFP or Licensors

Saíram Gundogan, Cole Palmer, Mahrez, João Cancelo e ainda Laporte. Chegaram Gvardiol, Matheus Nunes, Kovacic e Doku. Guardiola que tinha sido criticado numa fase inicial da época pela falta de risco em tentar assumir melhores vantagens em determinados jogos que conduziram a eventuais perdas de pontos.

O meio-campo dos cityzens acabou por, inclusive, ser formado por dois defesas centrais de raiz. Recentemente vimos também a linha defensiva ser constituída por quatro defesas centrais (tal como o Arsenal). Se não fosse Guardiola um génio, talvez questionássemos as suas opções com maior regularidade.

A aposta na formação continuou com a afirmação de Rico Lewis e Oscar Bobb e potenciou Gvardiol enquanto defesa esquerdo - melhorando o seu jogo interior, dando conforto ao seu jogo com os dois pés. Mesmo sem Kevin de Bruyne durante metade da época, as soluções estiveram sempre presentes e Phil Foden foi o grande criativo desta equipa. O jovem formado na academia de Manchester foi finalmente colocado a assumir zonas mais centrais do terreno de jogo, estando mais vezes de frente para a baliza, somando números atrás de números, que lhe valeram o título de Jogador do Ano da Premier League.

Ederson maioritariamente, Ortega a espaços na baliza. Haaland com problemas musculares? Apareceu Álvarez. Bernardo Silva ao seu estilo, Doku como principal desequilibrador da equipa, assumindo-se com um dos melhores da atualidade no drible.

O Manchester City continuou a renovar o plantel - face àquilo que fez em épocas anteriores - e permaneceu o seu estilo. Faltou vencer a Liga dos Campeões que perderia frente a um Real Madrid que apenas esperou pelas grandes penalidades.

São agora 38 títulos para Guardiola. Arteta já ganhou alguns no Arsenal na sua curta carreira de treinador, mas falta devolver o principal aos seus adeptos.

"O Arsenal fez uma época fantástica mas a diferença foi a mentalidade. Quando eles vieram aqui... Eles não quiseram derrotar-nos. Eles apenas quiseram o empate."

Os dois pontos de diferença entre ambas as equipas talvez estejam neste empate que Rodri fala. Não retira qualquer mérito a Arteta e aquilo que fez ao longo de toda a época, mas talvez este tenha sido a principal diferença entre ambos os treinadores espanhóis.

Para o ano temos mais, mas fica o agradecimento a Arteta e Guardiola, dois dos melhores treinadores da atualidade, que nos proporcionaram uma época repleta de bom futebol, inovações táticas e muito conteúdo para estudar.

PS: Rafael Pacheco, treinador e analista de futebol, tem nas bancas o livro 'Rogerball - O Benfica de Schmidt', onde analisa a época do Benfica em 2022/23, que levou os encarnados ao título de campeão nacional e aos quartos de final da Liga dos Campeões.

Rogerball - O Benfica de Schmidt
Rogerball - O Benfica de Schmidt