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Pedro Gomes comenta o sorteio da terceira fase da Taça da Liga e a forma como os clubes estão distribuídos, até na I Liga.
A Taça da Liga é o parente pobre das competições nacionais, mas mesmo assim tem como objetivo proporcionar alguns milhares de euros às equipas de menor dimensão e proporcionar à volta de um milhão a cada finalista. Porém, tal como a Taça de Portugal, descrimina os clubes chamados de “pequenos”, dado oportunidade aos “grandes” de entrarem numa fase posterior e dessa forma terem mais possibilidades de chegar à final da prova. Já os “pequenos”, não jogando desde o início com os “maiores”, perdem nas receitas de bilheteira e da televisão.
Como os clubes estão deficitários financeiramente, não faz sentido que existam cabeças de série. Os três grandes que atraem mais lucro, deveriam ser distribuídos por cada um dos grupos e ainda o Paços de Ferreira, por ter ficado em terceiro na I Liga. Desta forma teríamos nas meias-finais os três grandes, o que significava melhores receitas. Assim o Sporting ou o Porto ficam pelo caminho.
Aliás, o tema que vou debater aborda uma das realidades do nosso futebol, que é o equilíbrio entre a maioria das equipas da primeira Liga e as da segunda. O exemplo do que se passou até aqui nesta prova demonstra que as equipas da segunda Liga, Leixões, Beira-Mar, Penafiel e Covilhã, não são inferiores às que militam na elite, pois eliminaram quatro equipas da primeira Liga.
Isto mostra que a maioria das equipas do campeonato da primeira Liga não são superiores às da segunda Liga. Por isso um campeonato a dezasseis não faz sentido, e falar em aumentar para dezoito, em virtude do Boavista regressar à ribalta, é de bradar aos céus. Um campeonato a doze, disputado a quatro voltas era o mais indicado para o nível futebolístico nacional, até para equilibrar financeiramente os clubes.
Os clubes precisam de receitas e neste caso estas seriam consideravelmente superiores. Sabe-se que os jogos mais rentáveis são aqueles em que participam os três grandes. Com esta alteração, também o futebol nacional beneficiava, dado que os jogos seriam mais equilibrados e competitivos.
Financeiramente favorecia os “pequenos”, pois recebiam seis vezes os grandes, em vez de três, e duplicavam as receitas de bilheteira e da televisão, o que quase lhe garantia as despesas da época. Os jogos entre os grandes seriam na totalidade oito, quatro em casa e os restantes fora. O interesse, a emoção e a rivalidade entre eles, garantem estádios repletos, portanto óptimas receitas, e também grandes jogos de futebol.
Os milhões de adeptos dos grandes, os quais são a alma e corpo presente nos estádios não trocam por nada a paixão e a emoção que a rivalidade entre os maiores proporciona. Nem um Benfica – Porto, Sporting- Benfica ou um Porto- Sporting, seja em que estádio for, lhes escapa. Este quadro competitivo proporcionava um maior equilíbrio, uma outra credibilidade em termos financeiros e acrescentava qualidade competitiva ao campeonato.
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