A Câmara Municipal da Maia confirmou hoje à Lusa que o nos terrenos da futura academia do FC Porto apenas decorria a desmatação, sem que houvesse movimentação de terrenos e, por isso, qualquer suspensão destes.
Contactado pela Lusa, o vereador do Município maiato Mário Nuno Neves assegurou à Lusa “que não houve qualquer suspensão de trabalhos, porque, pura e simplesmente, não havia trabalhos de movimentação de terras, mas, e como confirma o registo de ocorrência da Polícia Municipal, a limpeza de matos”.
Na sexta-feira, já o FC Porto tinha esclarecido as ações em curso no terreno, tendo em vista o Pedido de Autorização para Trabalhos Arqueológicos (PATA), a fim de avançar para os trabalhos arqueológicos e o cumprimento de todas as recomendações da Câmara Municipal da Maia (CMM) e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-Norte).
“O FC Porto e os autores do projeto da academia do FC Porto estão empenhados no cumprimento de todas as medidas de proteção do património arqueológico. Procuram, por isso, salvaguardar desde já todas as condições para que o projeto de arquitetura da academia do FC Porto cumpra todos os requisitos de todas as entidades externas necessárias para a sua aprovação”, lê-se no comunicado do clube, divulgado na sexta-feira.
Mário Nuno Neves recordou a receção de uma denúncia, “imediatamente após a apresentação do projeto”, que ocorreu no dia 28 de março, tendo, de seguida, solicitado “à Polícia Municipal e aos serviços de arqueologia da autarquia que averiguassem e agissem em conformidade”.
“Confirmaram que não havia trabalhos nenhuns, apenas a limpeza de mato”, sublinhou Mário Nuno Neves, assegurando que “a Polícia Municipal nem levantou nenhum auto, apenas fez o registo da ocorrência”.
Fonte oficial da CCDR-Norte, igualmente contactada pela Lusa, confirmou ter dado “conhecimento ao Instituto Público do Património Cultural (IPPC) – entidade a quem cabe autorizar ou suspender intervenções em zonas arqueológicas inventariadas, assim como trabalhos arqueológicos – das informações de que dispõe sobre movimentações de máquinas nos terrenos em apreço”.
“Trata-se de um procedimento administrativo corrente no contexto da proteção de valores patrimoniais. A CCDR-Norte mantém, no exercício das suas competências, a disponibilidade para uma cooperação institucional e técnica com o Município da Maia, a respeito do projeto urbanístico em causa”, referiu a mesma fonte.
No comunicado de sexta-feira, FC Porto e a empresa ABB, autora do projeto, assumiram-se “empenhados no cumprimento de todas as medidas de proteção do património arqueológico” dos terrenos localizados em Nogueira e Silva Escura e em São Pedro Fins, freguesias da Maia, um concelho limítrofe do Porto.
Em 25 de março, a Assembleia Municipal maiata ratificou a alienação pelo valor base de 3,36 milhões de euros (ME) de 18 parcelas incluídas no projeto do Parque Metropolitano da Maia, decisão que fora aprovada por maioria pelo executivo local uma semana antes.
Esse espaço tem 140.625 metros quadrados e é desejado pelo FC Porto para erguer a academia, tendo a hasta pública sido difundida em Diário da República em 26 de março, data a partir da qual foi lançado um período de 20 dias para a apresentação de ofertas.
A academia está a cargo do arquiteto Manuel Salgado, autor dos projetos do Estádio do Dragão e do pavilhão Dragão Arena, ambos no Porto, e envolve quase 23 hectares, dos quais 9,3 pertencem à empresa ABB, junto da qual o clube adjudicou um movimento de terraplanagem, por 6,89 ME, tendo o custo total da empreitada sido estimado em 40 ME.
Além da Casa do Dragão e de um centro de formação, o projeto engloba um mini-estádio para acolher partidas da II Liga e dos escalões de formação, com cerca de 2.000 lugares cobertos, mais nove campos relvados de dimensões oficiais e um para o futebol de sete.
As eleições dos órgãos sociais do FC Porto para o quadriénio 2024-2028 são disputadas por três candidaturas, lideradas por Pinto da Costa (lista A), André Villas-Boas (B), antigo treinador da equipa de futebol, e Nuno Lobo (C), empresário e professor, incluindo ainda uma lista independente ao Conselho Superior comandada por Miguel Brás da Cunha (D).
O ato eleitoral decorrerá em 27 de abril, entre as 09:00 e as 20:00, no Estádio do Dragão, no Porto, numa altura em que Pinto da Costa está a cumprir o 15.º mandato consecutivo, que lhe atribui o estatuto de dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial.
Comentários