"Mas, afinal, quem é a Ithaka, mais concretamente a Ithaka Infra III SL", que chegou a acordo com a administração liderada por Pinto da Costa?

A pergunta foi lançada por André Villas-Boas, esta quinta-feira, horas depois de se saber do acordo comercial da FC Porto SAD com uma empresa espanhola, no qual no qual cede 30 por cento dos direitos comerciais do Estádio do Dragão durante os próximos 25 anos, a troco de 65 milhões de euros.

De acordo com o comunicado do FC Porto, a Ithaka Infra III SL é apresentada como uma "sociedade veículo" Ithaka Investments Europe SL. Quanto a esta empresa, o documento divulgado e enviado à CMVM dá conta de sociedade com vasta experiência em investimentos em desporto e infraestruturas na Europa, com sede em Madrid".

Contudo, apesar da cidade de registo ser comum à da subsidiária, tal como a sua morada fiscal, a data de registo das empresas é bastante diferente. A Ithaka Investments Europe SL foi registada a 4 de novembro de 2019, enquanto a Ithaka Infra III SL surgiu há menos de dois meses, mais concretamente a 26 de fevereiro. O facto não é somenos importância, já que permite a leitura de que a empresa terá sido criada precisamente para a realização do negócio.

Para André Villas-Boas, o acordo agora anunciada levanta algumas questões, desde logo a "pressa" com que foi assinado.

"Porquê a pressa? A venda de 30% de direitos comerciais do FC Porto custa-nos muito. Apesar de o parceiro ser bom, isto é um indicador de falência operacional e de encaixe. Quando se vende algo sem necessidade, ou é por incompetência ou é por necessidade operacional. Custa-nos muito a aceleração desses processos, sem colocar em causa a qualidade desse mesmo parceiro. É um sinal revelador que nos preocupa", admitiu o antigo treinador portista.

"É mais uma aceleração de um processo que esta direção encarará. Há que conhecer as pessoas quando lá chegarmos e perceber os porquês disto. Custa quando se vende por inoperância. Quando se vende a nove dias das eleições, é grave para os sócios", frisou.

A Ithaka terá direito ao longo dos próximos 25 anos a 30% dos direitos económicos de uma nova sociedade (a incorporar no Grupo FC Porto), que se dedicará a incrementar o potencial comercial do Estádio do Dragão", sublinhou o FC Porto, que destacou a aposta na sponsorização, na bilhética, nos direitos de designação e nas visitas ao recinto, no museu do clube ou na organização de eventos não desportivos e concertos.