O Fórum, que decorre de forma presencial e híbrida, tem como objetivos “fazer uma análise retrospetiva daquelas que foram as tendências que marcaram a época desportiva anterior e, com base nisso, lançar a época desportiva que já se iniciou”, disse à agência Lusa o coordenador do ponto nacional de informações sobre desporto, o comissário Ricardo Conceição.

Na sua XI edição, o fórum, que se realiza nas instalações dos serviços sociais da PSP, no Baleal, concelho de Peniche, no distrito de Leiria, decorre, segundo o comissário, num “contexto particular devido à alteração da lei [regime jurídico da violência associada ao desporto]” que entrou em vigor no passado dia 10.

“As implicações das alterações da lei” serão um dos temas em destaque nos dois dias de trabalho em que os agentes da PSP vão também “partilhar boas práticas e casos práticos” que levaram a PSP a “repensar determinadas abordagens” para adequar a atuação ao fenómeno da violência no desporto.

De acordo com os dados divulgados pela PSP, a última época desportiva fechou com um total de 7.579 infrações, registando um substancial aumento relativamente à época desportiva de 2021/2022 em que tinham sido registadas menos 2.137 infrações.

Os principais incidentes reportados foram: posse/uso de artefactos pirotécnicos (2.918), infrações administrativas do promotor (1.464), injúrias ou ameaças (468), dano (382) e ofensas à integridade física (307).

Entre os desafios para a época atual, Ricardo Conceição destacou à agência Lusa a importância da “continuação do acompanhamento do fenómeno desportivo associado ao desporto”, por se tratar de “um fenómeno dinâmico e que todos os anos conhece diferentes tidos de dinâmicas e de fenómenos de violência”.

Fundamental para este porta-voz do encontro é também “a questão da formação dos polícias relativamente à lei e ao fenómeno em si e a sensibilização para que a abordagem dos agentes nos recintos desportivos seja adequada” às situações com que se deparam.

No caso dos eventos desportivos, a maior parte das infrações são cometidas pelos adeptos, sendo os “adeptos de risco responsáveis por um elevado número de incidentes, muitos deles promovidos de forma premeditada” e que, segundo o comissário, são “um desafio acrescido”, em comparação, por exemplo, com grandes eventos como a Jornada Mundial da Juventude, cujo perfil dos participantes é “bastante diferente”.

No caso português está identificada a existência de adeptos de risco responsáveis por “atos de violência estrategicamente premeditada”, sobretudo relacionados com “a posse e deflação de pirotecnia”, afirmou, aludindo a situações de arremesso de “tochas, potes de fumo e petardos”.

“Mitigar o mais possível o desenvolvimento desse tipo de ações” é um dos o objetivos dos dois dias de trabalho em que os agentes da PSP vão traçar os objetivos gerais para a presente época no que toca ao empenhamento das unidades de informação desportiva (spotting), afirmou durante a sessão de abertura o diretor nacional adjunto para a Unidade Orgânica de Operações de Segurança, Superintendente Paulo Lucas.

Embora os maiores desafios sejam para os comandos de Lisboa, Porto e Braga, o superintendente lembrou que “os comandos de menor dimensão poderão também ter eventos de maior complexidade, com jogos da Taça [de Portugal]”, evidenciando a necessidade de a nível nacional todos os comandos estarem preparados para “antever e responder a riscos”.

No encontro, que contará com a participação da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD), da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), será feita a apresentação da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e discutidas formas de cooperação entre as entidades.