
José Mourinho juntou-se esta sexta-feira ao vasto coro de vozes do futebol mundial que lamentam a trágica morte de Diogo Jota e do irmão André Silva. Em declarações à TSF, a partir de Silverstone, onde se encontra para assistir ao Grande Prémio de Fórmula 1, o treinador português confessou sentir-se profundamente tocado pelo desaparecimento dos dois irmãos, vítimas de um acidente de viação ocorrido de madrugada, na A52, em Zamora, Espanha.
“Hoje acordei a pensar na contradição entre vir aqui hoje com a família e tentar ter um dia agradável, mesmo apesar do que aconteceu com o Diogo e com o irmão”, começou por dizer Mourinho, revelando que partilha com o avançado do Liverpool a mesma estrutura de agenciamento.
“Nunca tive o prazer de o conhecer muito bem, mas não há uma única pessoa que tenha uma palavra negativa. A minha gente está em choque e eu, que nunca o conheci verdadeiramente, um bocadinho também.”
A comoção sentida por Mourinho é evidente, ao recordar a dimensão humana de Jota e André.
“As manifestações são tantas, mas foram eles dois que partiram com um futuro fantástico pela frente. O Diogo é daqueles miúdos que representa tudo o que gosto: não são eles que procuram a fama, foi a fama que foi ao encontro deles, pelo trabalho, talento e esforço. É uma tristeza muito grande, são enigmas da vida que nos custam a entender”, afirmou o técnico.
Questionado sobre como se gere emocionalmente um grupo de trabalho perante uma tragédia destas, Mourinho recordou um momento marcante da sua própria carreira: a morte de Rui Filipe, jogador do FC Porto, em 1994.
“Recordo-me sempre dos meus inícios. O Rui Filipe também faleceu num acidente de carro um dia antes de termos jogo. E naquela época o FC Porto foi campeão, muito também pela força da união num momento de sofrimento para todos. Uma coisa é sofrer só, outra é sofrer em grupo. Pode ser uma força importante”, lembrou.
O treinador do Fenerbahçe concluiu com palavras especialmente emocionadas para aqueles que agora enfrentam o vazio deixado pela morte de Diogo Jota e André Silva: “Os filhos vão crescer sem ele, a esposa, que é a paixão da sua vida pelo que lemos, vai ter de viver sem ele, e os pais vão ter de viver sem dois filhos… Esse drama ninguém pode ultrapassar.”
Diogo Jota, de 28 anos, internacional português com 49 jogos e 14 golos pela seleção, representava o Liverpool desde 2020, depois de passagens pelo Wolverhampton, FC Porto, Paços de Ferreira e Gondomar.
André Silva, de 25, era jogador do Penafiel, na II Liga, e contava com passagens por vários clubes da formação nacional. A sua morte causou uma onda de comoção em Portugal e no estrangeiro, com mensagens sentidas de companheiros, clubes e treinadores.
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