Marcos Paulo é brasileiro, tem 22 anos, e a sua história deve ser contada a aqueles que pensam fazer do futebol a sua vida. Porque este é um desporto complicado, onde nem todos irão triunfar, onde nem tudo é feito de sucesso. Há muitas 'quedas', muitas barreiras e nada garante sucesso. Nem mesmo o talento.
Em 2019, Marcos Paulo estava a disputar o Mundial de clubes com a camisola do Hienghène Sports, formação da Nova Caledónia, colônia francesa na Nova Zelândia (foram eliminados logo na estreia por 3-1 com o Al Sadd). Terminado o contrato, o jovem regressou ao Brasil e conseguiu um acordo com o Próspera, equipa de Santa Catarina, estado da região sul do Brasil. A mudança de treinador levou o seu novo clube a rescindir o contrato mesmo antes de Marcos Paulo dar o primeiro pontapé na bola, já neste 2020.
A pandemia de COVID-19 veio dificultar ainda mais a vida deste jovem futebolista. Sem clube, sem contrato, sem trabalho, Marcos Paulo entrou em depressão: refugiou-se em casa, sem vontade de comer, de sair da cama. Mas sabia que não podia continuar assim.
"Tinha de ajudar em casa, precisava de um trabalho. Então entrei no Youtube e pesquisei: 'Como fazer um dinheiro extra?' E vi que algumas pessoas vendiam ambientadores para carros. Pensei: 'É isso, vou tentar'", contou o jovem futebolista ao site brasileiro 'UOL Esporte'.
Investiu 50 reais (quase oito euros) nos produtos, fez as suas misturas, e saiu à rua para o meio do trânsito vender os ambientadores decorados com emblemas de clubes de futebol brasileiros e internacionais. Logo no início conseguiu fazer 200 reais (31,3 euros) com 20 misturas.
O médio garante que não tem "vergonha nenhuma" do que faz.
Apesar de ganhar a vida a vender ambientadores para carros na rua (vive com os pais e mais dois irmãos), o futebol continua a fazer parte da vida de Marcos Paulo. Todos os dias, para manter a forma, treina num campo em Marília, perto da sua casa, antes de sair à tarde para as suas vendas. Às segundas, terças e quintas-feiras dá treinos de futebol a um grupo de crianças de uma comunidade pobre da região.
Enquanto isso, vai mantendo a esperança e os olhos postos no telefone, à espera de uma chamada do empresário.
"Nada é certo no futebol e isso magoa. Mas cabeça erguida. Sei que vou voltar a jogar. Se levantarmos da cama todos os dias, é só correr atrás [do sonho]", apontou ao UOL Esporte.
Comentários