Jesualdo foi apresentado como treinador do Santos, na tarde desta quarta-feira. O técnico português sublinhou que dificilmente recusaria um convite para treinar um emblema tão mítico como o Santos.
"Porquê vim só agora? Fácil, porque me convidaram. Nunca pensei ter um clube com os seus responsáveis a dizer ‘vem, queremos você’. E eu tinha de vir. Muitas vezes as oportunidades não vêm no momento certo. Jamais iria recusar treinar o clube de Pelé, um clube mítico. A minha primeira referência do futebol brasileiro: eu tinha 16 anos e vi o Santos ser campeão do mundo contra o Benfica", recordou o técnico.
Na sua apresentação, Jesualdo fez uma análise ao plantel do Santos e o que espera melhorar.
"Acho que, do que pude ver e informações que fui recebendo, o Santos era uma equipa que se expressava por atitude ofensiva clara, jogadores na frente muito rápidos e com a mesma envergadura, talento e potência. O meio-campo é mais adulto e A defesa pouco cuidada porque queria sempre atacar. É uma equipa que me agrada. Mas no futebol temos que ter sempre equilíbrio. Isso é o que tem que existir. A minha perspetiva do Santos do passado é: melhorar o que era muito bom e melhorar o que temos de menos bom. É um retrato positivo com jogadores que me agradam, para trabalhar com o meu modelo e processos. Vamos valorizar o que foi feito. É o primeiro passo para ganhar a seguir. Já o fiz e vou fazê-lo", garantiu, antes de deixar elogios ao seu antecessor.
"O que o Sampaoli fez no ano passado foi algo notável. Quando encontrar daqui a pouco os jogadores vou tirar-lhes o meu chapéu e dizer-lhes que devem estar felizes pelo que fizeram. Mas todos sabem que a história dos clubes não pode parar e para continuar a história é preciso recriar a história. Mas esta equipa coloca-me um problema - é ter de fazer melhor", avisou.
Questionado sobre o futebol brasileiro e o facto de estar a atrair técnicos portugueses [Jorge Jesus campeão do Brasil e da América Latina com o Flamengo, Augusto Inácio no Avaí], Jesualdo Ferreira explicou que as contratações são o reflexo dos tempos modernos.
"O futebol brasileiro tem muitos anos de implementação no mundo. Não é normal as pessoas olharem para o futebol brasileiro de uma forma diferente. Muitas oportunidades não são tão aproveitadas e outras não dão certo. O futebol brasileiro tem muitos treinadores de qualidade. Sempre teve e sempre vai ter. Essa transformação que está a acontecer não tem a ver com o futebol brasileiro, com o treinador, tem a ver com a globalização do futebol", explicou.
Jesualdo é conhecido por apostar nos jovens jogadores e ajudar a potencia-los mas explica que um plantel não pode ter apenas juventude. É preciso equilíbrio.
"Quando juntas quatro jogadores com 20 anos é difícil porque terão qualidades e defeitos de 20 anos. Os novos vão provar que são bons e merecem jogar. Mas ter sempre jogadores com idades diferentes. Tem que haver talento e apostar na formação, esse será o projeto do Santos. A escola do Santos é famosa no mundo todo. É uma marca que tem de se valorizar. O que o Santos fez até agora foi colocar o seu nome no mercado mundial. Quando disse aos meus amigos que vinha para o Santos, a reação em Portugal foi 'vai, que vais para o clube do Pelé'. Vou ser implacável naquilo que é a política do clube", referiu, antes de explicar porquê aceitou voltar ao ativo.
"Marca aí: coragem. Não estava na aposentadoria. Só estamos nisso quando não temos capacidade ou alguém não nos reconhece capacidade. Se fosse verdade, não estava aqui", explicou.
Já José Carlos Peres, presidente do Santos, explicou esta aposta num técnico português.
"Começamos uma vida nova com esperança de conquistarmos títulos. Temos certeza da experiência, do bom humor, é uma pessoa fantástica – podia ter vindo há cinco anos, mas aconteceu agora. Precisamos do apoio de todos. Foi campeão em três continentes, mas sabemos que preciso de um tempo de adaptação", disse.
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