Chegou ao fim a novela sobre o despedimento do futebolista Anwar El Ghazi por parte do Mainz. Um tribunal alemão deu razão ao jogador ao considerar que o seu despedimento por parte do emblema da Bundesliga foi ilegal. O clube alemão foi condenado a pagar um milhão de euros ao futebolista, que mais tarde seria contratado pelo Celtic, da Escócia.

El Ghazi já garantiu, na rede social Instagram, que irá destinar 500 mil euros do valor da indemnização para ajudar as crianças de Gaza. O jogador deixou fortes críticas à forma como o clube alemão lidou com o processo.

"Depois de ter recebido um pagamento substancial por parte do Mainz, queria deixar claro que a minha batalha com o Mainz nunca foi, para mim, sobre dinheiro. Quero aproveitar este momento para agradecer ao Mainz por duas coisas. A primeira, pelo substancial pagamento que fizeram, do qual 500 mil euros serão usados para financiar projetos para crianças em Gaza. Espero que o Mainz, ainda que tenha tentado de forma repetida não pagar, saiba que através de mim está a contribuir financeiramente para tentar fazer da vida das crianças de Gaza um pouco mais suportável. E, em segundo, ao tentar silenciar-me, conseguiram tornar a minha voz ainda mais alta pelas vozes oprimidas de Gaza", escreveu o médio.

Em novembro de 2023, o Mainz reagiu de forma dura e despediu o jogador, alegando justa causa, após uma publicação do marroquino nas redes sociais (que viria a apagar, mais tarde), onde mostrava solidariedade para com os palestinianos, no conflito entre Israel e o Hamas, no Médio Oriente.

"Do rio ao mar, a Palestina será livre", escreveu o jogador de 28 anos, ele que depois mudou a foto de perfil na rede social, usando uma com a expressão 'Estou com a Palestina'.

O jogador foi, primeiro, suspenso, e depois despedido, depois de ter sido aberta uma investigação judicial pela procuradoria de Koblenz com base nas mensagens sobre o conflito Israel-Hamas, entendido por alguns como apelo à destruição de Israel e por outros como apelo à igualdade de direitos entre palestinianos e israelitas. Para a justiça de Koblenz, El Ghazi terá assumido um "discurso de ódio" nas mensagens em questão, publicadas em 17 de outubro.

O médio, que é internacional neerlandês, reafirmou a sua posição, também numa publicação no Instagram: "não lamento nada, ou não tenho remorsos, em relação à minha posição. Não me distancio do que disse ou do que defendo, hoje e até ao meu último fôlego, pela humanidade e pelos oprimidos".

O Mainz segiu, na altura, a mesma linha de vários clubes que criticaram os seus jogadores por mostrar apoio a causa palestiniana. O marroquino Youcef Atal foi afastado pelo Nice e, depois, castigado pela Liga Francesa de futebol com sete jogos de suspensão, após de ter feito uma publicação pró-Palestina a seguir aos ataques do Hamas em Israel que fizeram milhares de mortos.

Mazraoui, do Bayern Munique, foi colocado treinar à margem do plantel, depois de mostrar solidariedade para com o povo da Palestina nas redes sociais. Viria mais tarde, após reunir-se com a direção do clube, a pedir desculpas pela sua publicação e a ser reintegrado nos trabalhos. Agora foi transferido para o Manchester United.

Karim Benzema, outro jogador muçulmano que se colocou ao lado da Palestina, foi acusado pelo Ministro do Interior de França de pertencer a Irmandade Muçulmana, uma organização considerada como sendo terrorista por alguns países ocidentais.