Com os campeonatos suspensos e os recintos desportivos fechados, os atletas cabo-verdianos encontram espaços em casa para manter a forma física, esperando que a época desportiva ainda possa terminar, após o fim da pandemia da COVID-19.
Acostumado aos treinos e jogos semanais, Dário Monteiro, futebolista da Académica do Porto Novo, região sul da ilha de Santo Antão, foi obrigado, de um momento para o outro, a ficar em casa por causa das restrições impostas para combater o novo coronavírus.
Como não há mais nada a fazer, senão ficar em casa, é no lar que este atleta encontra espaço para "tentar manter o corpo em forma", fazendo alguns exercícios.
"E, de vez em quando, faço uma corridinha na estrada, sempre com a esperança de terminar esta época desportiva", disse à Lusa o internacional cabo-verdiano.
O futebolista deu conta ainda de que a sua equipa tem um grupo privado numa rede social, no qual são partilhadas sugestões de treinos, e os treinadores mantém sempre o contacto com os jogadores.
Há sensivelmente um mês que o basquetebolista Fidel Mendonça decidiu evitar estar em grupos, muito antes de as autoridades cabo-verdianas anunciarem as medidas de combate à COVID-19 e de o Governo suspender os campeonatos e fechar os recintos desportivos.
Habituado aos treinos regulares no Gimnodesportivo Vavá Duarte e aos jogos aos fins de semana, o atleta notou que a rotina ficou "completamente diferente" e que o corpo começou a ressentir-se apenas com treinos básicos em casa.
"O nosso corpo está habituado a correr, a velocidade. Mesmo fazendo os exercícios caseiros, se não estamos acostumados, ficamos muito limitados", afirmou à Lusa o basquetebolista da equipa do Prédio e internacional cabo-verdiano, notando que "falta sempre alguma coisa".
Por agora, Fidel espera apenas ultrapassar este período de dificuldade, "pensar no todo", para só depois pensar nos campeonatos, que, mesmo assim, acredita que ainda poderão terminar este ano.
Esta paragem forçada é também um desafio para os treinadores, considerou Humberto Bettencourt, da Académica da Praia, que teve de controlar "alguma ansiedade" dos jogadores".
Mas para minimizar os seus efeitos e tentar manter alguma forma física, o treinador da Académica da Praia disse que foram elaborados planos de treino diários, que são partilhados num grupo privado e que os jogadores seguem a partir de suas casas.
"Os efeitos desta pandemia são grandes nos jogadores, porque é a primeira vez que estão ser confrontados com uma situação desta natureza", indicou o também presidente da Associação dos Treinadores de Futebol de Cabo Verde, para quem alguma atividade física diminui a ansiedade.
Outra preocupação é a alimentação, mas Humberto Bettencourt avançou que a equipa técnica tem estado a aconselhar os atletas, através de um fisioterapeuta do clube, que por sua vez contacta um nutricionista para orientações individuais.
Em Cabo Verde, também há dúvidas sobre o fecho da época desportiva, mas o treinador da equipa que lidera o campeonato em Santiago Sul salientou que, neste momento, a "maior preocupação e prioridade" é o combate ao vírus, que tem praticamente o mundo inteiro parado.
Para o técnico, em Cabo Verde não haverá muitos problemas, tento em conta que vários campeonatos regionais já estão praticamente no fim, ficando a faltar somente as provas nacionais.
Notando que o país não tem estado a participar nas provas africanas, Humberto Bettencourt disse que a baliza para o fim da época desportiva é 31 de julho, ressalvando, contudo, que os regulamentos permitem estender a época em casos excecionais.
O técnico considera que não haverá interferência no arranque da próxima época, tendo em conta que há regiões desportivas com longos períodos de paragem, e que já se falou no país na possibilidade de ajustar os campeonatos àquilo que acontece no resto de África.
Por isso, o treinador considerou que é "altura ideal" para as autoridades cabo-verdianas começarem a pensar na ideia de "reformular" os quadros competitivos regionais e nacionais.
Cabo Verde suspendeu todos os campeonatos regionais e os equipamentos desportivos públicos, como o Estado Nacional, estão encerrados.
O país totaliza sete casos de infeção desde o início da pandemia, entre os quais um morto.
Comentários