O Fátima está à espera de um "milagre" para conseguir a promoção à II Liga de futebol, no domingo, um dia após a canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto pelo papa.
Para a última jornada, na ressaca do 13 de maio, o Fátima, terceiro classificado, tem de vencer o Louletano no agora Estádio Papa Francisco e esperar que o Praiense (1.º lugar) não ganhe ou que o Real (2.º) perca, para conseguir o primeiro lugar - de acesso direto à II Liga - ou o segundo, onde depois tem de disputar um ‘play-off’ de promoção.
"Temos equipa com capacidade para a subida. Acho que vai acontecer um pequeno milagre a 14 de maio [domingo]", disse à agência Lusa o padre António Pereira, presidente do Centro Desportivo de Fátima, que acredita que a presença do papa Francisco deu também "outro ânimo" a uma equipa que já somou algumas frustrações.
A campanha do Fátima na fase final de promoção do Campeonato Nacional de Seniores (3.º escalão) zona Sul até começou bem, com o clube do concelho de Ourém bem posicionado até perder contra o Torreense na 9.ª jornada, somando depois mais duas derrotas consecutivas.
Depois de três jogos sem pontos, o Fátima voltou a ganhar e na penúltima jornada bateu o primeiro classificado, o Praiense, fora.
"Não tinha grande esperança, mas agora tenho todas as esperanças deste mundo", frisou António Pereira, padre que está ligado ao Fátima há quase meio século e que chegou a ser o ponta-de-lança do clube.
Depois da segunda experiência na II Liga, na época 2010/2011, o Fátima sofreu uma "queda mortal" até à distrital, "descaracterizou-se" e esteve à beira de fechar portas, conta o presidente do Centro Desportivo de Fátima, sendo que a salvação veio da Arábia Saudita, com o empresário Abdulmouti Akaaki a adquirir 90% da SAD do clube.
"O Fátima do Rui Vitória [treinador que levou o clube ao 2.º escalão] deixou de existir e agora está a renascer", notou, sentindo que os sócios que tinham abandonado o clube "estão a querer regressar".
A esperança da subida cola-se também à matemática, com os adeptos a congeminarem todos os cenários possíveis.
Francisco Ferreira, adepto do clube, é o que tem feito, até em conversa com jogadores do Fátima.
"Há bastante esperança, mas não é um dado adquirido. Pode ser que haja um milagre", contou à Lusa, esperando que agora que o Estádio se chama Papa Francisco a equipa possa ter mais sorte nos jogos em casa, onde já somou três derrotas.
Abel Lopes é o roupeiro de serviço do Fátima, clube ao qual está ligado há mais de 35 anos, e admite que há "um bocadinho de esperança" para um último jogo.
Mas não espera por um milagre. "A bola é redonda. Pode ser que os outros se lixem", realçou o adepto, católico, "não muito praticante", que a bola rouba-lhe "muito tempo".
O jogo no Estádio Papa Francisco, às 15:30 de domingo, será à porta aberta, mas António Pereira não acredita que haverá enchente porque muitos dos adeptos ainda estarão "ocupados com os peregrinos".
Conhecendo o interesse do papa Francisco pelo futebol (é adepto do clube argentino San Lorenzo), o padre queria entregar um cachecol do clube ao líder da Igreja Católica que vai chegar a Fátima no Estádio onde a equipa "trabalha todos os dias".
"Não fomos vistos nem achados para a receção do papa no estádio, onde nós jogamos. Não fomos sequer convidados", criticou.
O papa Francisco será o quarto papa a visitar Fátima. Os anteriores papas que estiveram em Fátima foram Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991, 2000) e Bento XVI (2010).
No sábado, Francisco vai presidir à cerimónia de canonização dos beatos Francisco e Jacinta Marto, os mais jovens santos não-mártires. A cerimónia é a primeira realizada em Portugal.
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