Os sócios do CD Trofense adiaram esta sexta-feira a decisão sobre se participarão na Liga de Honra de futebol até quarta-feira, data limite para a inscrição da equipa profissional na Liga.
Reunidos em assembleia-geral, os sócios do CD Trofense, emblema que terminou a época 2011/12 no oitavo lugar da Liga de Honra, decidiram adiar por mais cinco dias a decisão sobre o fim da profissionalização no clube, face à possibilidade de ainda reunirem os pressupostos obrigatórios pela Liga.
O prazo para inscrição de um mínimo de 12 atletas e de entrega de provas sobre a situação regularizada face à Segurança Social, Finanças e não dívida a jogadores, terminou na quinta-feira, mas cerca de uma centena de associados - que se preparavam para anunciar a falência do clube e fim da equipa profissional - viram, hoje, «luz ao fundo do túnel».
O Trofense tem agora cinco dias para conseguir a única certidão em falta, a das Finanças, ainda não conseguida devido a uma dívida que ronda os 65 mil euros.
Pela voz do presidente da Comissão Administrativa cessante, José Leitão (presidente durante 11 anos (de 1996 a 2006 e na época 2011/12), os associados aceitaram «esperar e manter o clube em gestão» até quarta-feira, tendo como possibilidade de solução a contestação do valor da dívida às Finanças.
«Até quarta-feira, não aceito ver o CD Trofense como um cadáver. Digo isto, embora esteja convencido de que não há solução nem salvação possível. Apenas existem três coisas a fazer. Pagar às Finanças ou negociar o prazo de pagamento, e não temos dinheiro, e a outra solução é a de contestar o valor da dívida e ganhar tempo, como outros clubes fizeram», disse José Leitão, dando esperança aos sócios e aproveitando para apelar ao advogado Luís Calmeirão, que tem vindo a apoiar o clube trofense, para que se «inteire de como se pode fazer essa contestação».
À semelhança do que ocorreu na assembleia de 30 de junho, da qual resultou um vazio diretivo pela não apresentação de listas, logo não eleição de corpos gerentes para o biénio 2012/14, também hoje o silêncio foi total na hora de apresentar soluções.
Por iniciativa de Luís Calmeirão e de José Leitão, foi pedido aos associados que se juntassem numa nova "Comissão Gestora". Apenas três sócios se voluntariaram: Leonardo Costa, Bruno Ferreira e André Crespim. Este último disse ser neto do sócio número 1 do CD Trofense e apelou a que «não se deixe morrer o clube da terra».
«Há braços para trabalhar até quarta-feira? Isto é Trofa e Trofense é da terra. Não há benficas nem portos que precisem mais de nós do que o Trofense. Eu não percebo nada de contas, mas tentarei ajudar», disse André Crespim.
O compromisso desta nova "Comissão Gestora", como foi apelidada pelo advogado Luís Calmeirão, é a de apoiar o presidente cessante, José Leitão, «nos esforços junto das Finanças e possíveis investidores, abrir as portas do clube e verificar a correspondência diária».
Atualmente, o Trofense tem a braços duas penhoras sobre o seu património: estádio e complexo de treinos e de formação na Paradela. Estas penhoras dizem respeito a casos que estão em tribunal de pelo menos três ex-jogadores do clube: Charles Chad (que reclama cerca de 220 mil euros), Milton do Ó (118 mil euros) e Gégé (cerca de 33 mil euros) por «alegado incumprimento salarial».
«Sobre as dívidas da anterior direção não me perguntem nada, porque não sei. Reconheço os três meses em atraso que tenho com jogadores da última época. E tenho receita para receber do Totonegócio e da autarquia da Trofa. Tentei antecipar verbas da Sport TV, mas grande parte já está penhorada», revelou José Leitão, repetindo as críticas feitas à direção de Rui Silva, presidente de 2006 a 2011.
O início da pré-epoca do Trofense mantém-se por definir, não estando em curso qualquer constituição do plantel profissional para a época 2012/13. O primeiro jogo oficial do Trofense está agendado para 29 de julho, em casa do Desportivo das Aves, a contar para a primeira jornada da Taça da Liga.
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