Não há como esconde-lo: o FC Porto está em crise. Os azuis e brancos sofreram hoje a terceira derrota seguida, ao perderem em Moreira de Cónegos por 2-1 com o Moreirense. Pepê deu vantagem ao FC Porto, Asué e Alanzinho operaram a reviravolta dos cónegos que vão enfrentar o Gil Vicente nos oitavos de final, em Barcelos.

A derrota atira os dragões para fora da Taça de Portugal e deita por terra a invencibilidade do FC Porto na prova: a equipa vinha de 22 jogos sem perder na Taça de Portugal, e procurara o quarto troféu seguido.

Vitor Bruno fica numa posição muito frágil, depois das derrotas com Lázio, Benfica e agora com o Moreirense. No final, os adeptos mostraram lenços brancos, dirigiram insultos aos jogadores e ao treinador dos azuis e brancos. Apesar da contestação, o técnico 'deu o peito às balas' e foi ter com os adeptos no topo sul do estádio, dando o exemplo.

Fotos: as melhores imagens do Moreirense-FC Porto

Jogo novo, problemas antigos

A primeira resposta após a goleada sofrida na Luz par a I Liga (4-1) teria de ser contundente, após tantas críticas dos adeptos à forma como os azuis e brancos não conseguiram lutar contra o rival direto na luta pelo título.

Vítor Bruno, também muito contestado, não quis correr muitos riscos e apostou numa equipa muito próxima do habitual, trocando apenas Diogo Costa por Cláudio Ramos, o guarda-redes nas Taças, Martim Fernandes por João Mário e deixando Samu no banco, depois da sua primeira chamada à seleção principal de Espanha.

O Moreirense, a realizar um campeonato tranquilo (8.º na I Liga com 17 pontos em 11 jogos), queria aproveitar a fragilidade dos azuis e brancos para vingar a derrota na Taça da Liga (0-2 em Aveiro) e seguir em frente na Taça de Portugal.

O treinador Vítor Bruno tem batido muito na tecla das dores de crescimento da equipa, da juventude do plantel, das mudanças operadas de um ano para outro, mas os adeptos começam a exigir respostas condizentes. Os primeiros minutos dos azuis e brancos em Moreira de Cónegos é de uma equipa que desconfia de si, que tem medo de errar, que prefere não arriscar para não perder a bola. Namaso até queria contrariar esta ideia, com um remate em arco para grande defesa de Caio Secco aos três minutos.

O vento atrapalhava os cruzamentos de Francisco Moura, todos mal calibrados. Fábio Vieira não conseguia sobressair na direita, com João Mário. Fran Navarro era presa fácil para Marcelo e Marracas, os centrais dos cónegos.

31 minutos depois do tal momento de Namaso, o FC Porto marcou. No primeiro cruzamento com qualidade de João Mário, Pepê apareceu ao segundo poste a desviar para o fundo das redes.

Mas no lance seguinte voltou a aparecer alguns dos problemas dos azuis e brancos na defesa. A equipa sofre muitos golos na área, pelo mau posicionamento, pelas más abordagens e pela falta de agressividade dos defesas. Frimpong centrou na esquerda, Luís Asué saltou sozinho nas costas de Nehuén Pérez e atirou de cabeça para o empate.

Moreirense aproveita fragilidade mental e dá estocada no Dragão

No regresso após o intervalo, a equipa de César Peixoto sentiu que podia apertar mais os dragões, principalmente na pressão mais a frente, sentido o momento psicológico menos bom dos de Vítor Bruno. Rubens Ismael, Asué e Madson deram sentido a esse crescimento, com remates que incomodaram Cláudio Ramos.

Subindo as linhas de pressão, deixou mais espaço para explorar. Foi o que fez Namaso, aos 56 minutos. Foi por aí dentro, deixando adversários para trás, antes de rematar ao lado, num ataque de três contra dois. Tinha Fábio Vieira completamente só na área. Antes, Caio Secco tinha travado um bom remate de Francisco Moura.

Mas era preciso mais, pelo que seria inevitável ir ao banco. De lá saiu Martim Fernandes, Samu e Galeno para os lugares de João Mário, Fran Navarro e Namaso. Já César Peixoto apostou na velocidade de Gabrielzinho e Antonisse, nos postos de Asué e Benny.

Assim que entrou, Galeno quase que marcava, aos 71 minutos. O extremo apareceu ao segundo poste a desviar para fora um centro de Pepê, na direita.

Se o jogo não estava a correr bem a Francisco Moura - cruzamentos para fora, perdas de bola, maus passes -, pior ficou aos 75 minutos, quando meteu mão na bola na área portista em lance com Madson. O árbitro Tiago Martins assinalou grande penalidade (não há VAR nesta ronda da Taça), que Alanzinho converteu: remate puxado, tão puxado que bateu no poste mas acabou dentro das redes.

Eustaquio e Rodrigo Mora nos lugares de Alan Varela e Francisco Moura foi a resposta imediata de Vitor Bruno para os 10 minutos finais, já com a equipa a jogar sob brasas. O técnico do Moreirense reforçou a defesa com cinco homens, ao lançar Ponck, Pedro Santos e Fabiano nos lugares de Diniz Pinto, Alanzinho e Madson.

A jogar mais com o coração do que com a cabeça, o FC Porto limitou-se a tentar bombear a bola para a área do Moreirense, sem sentido, até ao final. Muitas decisões erradas, muitos nervos e nenhum acerto, quando o Moreirense defendia com todos dentro da área.

O FC Porto soma a terceira derrota seguida e dá uma péssima resposta, 14 dias após ser goleado pelo Benfica na Luz por 4-1 (tinha perdido antes com a Lázio por 2-1).

A equipa azul e branca cai na 4.ª eliminatória da Taça de Portugal, depois de 22 jogos sem perder na prova rainha do nosso futebol.

Nos oitavos de final o Moreirense vai defrontar o Gil Vicente, em Barcelos.

VÍDEO: Veja o resumo do Moreirense 2-1 FC Porto