Os clubes madeirenses de futebol estão “preocupados” com o regresso ao Campeonato de Portugal, após terem estado dois meses impedidos de competir pelo Governo Regional, como medida de combate à propagação novo coronavírus.
A equipa B do Marítimo é a única profissional das quatro madeirenses (AD Camacha, Câmara de Lobos e União da Madeira SAD são as restantes) que militam no terceiro escalão do futebol português e que estão impossibilitadas de competir desde o final de outubro.
A Madeira é a única zona do país onde não se estão a realizar os jogos da competição, pelo que as equipas estão a acumular partidas em atraso.
“Fazer jornadas duplas, como está a ser equacionado, em que a equipa possa jogar ao domingo e à quarta-feira, traz muitas dificuldades ao União da Madeira SAD, porque é uma equipa onde a maioria dos seus atletas não é profissional”, explicou o presidente do clube, Sérgio Nóbrega, à agência Lusa, opinião partilhada por Rui Oliveira, técnico do Câmara de Lobos, que exaltou a “impossibilidade de realizar duplas jornadas” pela mesma razão.
Já o presidente da AD Camacha, Ricardo Miranda, foi o porta-voz mais crítico do quarteto insular, ao chamar à atenção de que o problema de reagendar os jogos não reside exclusivamente nas equipas madeirenses, após ter procurado remarcar o jogo em atraso para um dia de semana com Mondinense FC e Brito SC, pedido que foi negado e justificado com as atividades profissionais dos atletas.
Ricardo Miranda acusou o Governo Regional madeirense de estar “refém” de uma medida tomada precocemente, quando os números não o exigiam, e mostrou-se indignado com o “impedimento” de disputar os jogos em casa, apesar de os atletas que se deslocam à Madeira serem “previamente testados”.
“O Salgueiros milita no Campeonato de Portugal e vinha à Madeira jogar com o Marítimo (para a Taça de Portugal). O ‘modus operandi’ era o mesmo e, daí, a injustiça de nós não podermos receber as equipas”, frisou à Lusa, lembrando a partida entre a formação nortenha e os 'verde rubros' na Madeira, que foi adiada para 23 de dezembro, devido ao elevado número de casos positivos no Salgueiros.
O timoneiro da formação secundária do Marítimo, Ludgero Castro, tem encontrado na Liga Revelação (sub-23) uma solução para manter os seus atletas no ativo, relembrando que “nem todos podem competir”, devido à idade, e sublinhou que a competição entre os atletas do clube tem ajudado a manter o espírito competitivo da equipa.
Ainda assim, reconheceu que “treinar não é o mesmo que jogar”, e adiantou que os maritimistas já realizaram “115 treinos para disputar apenas três partidas oficiais”.
Nos restantes conjuntos, o “drama” acentua-se por falta de competição, tornando “difícil motivar os jogadores”, porque os atletas “não são máquinas com um botão de ligar e desligar”.
Os conjuntos madeirenses mostraram-se “sensibilizados” com o comunicado dos capitães do Campeonato de Portugal, que se recusam a estar “calados” e chamaram a atenção do Governo Regional para a importância de os atletas voltarem rapidamente ao ativo, por se tratar da sua “única fonte de rendimento”.
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