A Taça de África das Nações (CAN), tem sempre uma magia especial. Seja pela forma de estar dos adeptos nas bancadas, pela maneira como público e jogadores celebram ou pelas histórias insólitas que muitas vezes por lá ocorrem.

A edição deste ano decorre na Costa do Marfim e é precisamente a seleção da casa aquela que está a viver uma daquelas histórias que, se não fossem mesmo verdade, ninguém acreditava.

Eliminação à vista e despedimento...prematuro

As coisas não correram nada bem para o sportinguista Ousmane Diomande e seus colegas na fase de grupos. A estreia até foi com uma vitória (2-0) sobre a Guiné Bissau, mas seguiu-se uma derrota por 1-0 ante a Nigéria (devido a uma grande penalidade cometida por Diomande, que desde então não voltou a jogar).

Depois, uma pesada derrota por 4-0 diante da Guiné Equatorial, deixou os costa-marfinenses no terceiro lugar do grupo, no fio da navalha, com a eliminação prematura a ser dada como quase certa. Só um milagre os poderia apurar como um dos melhores terceiros classificados.

Então, ainda antes de concluídos todos os grupos, a federação não hesitou e despediu o selecionador Jean-Louis Gasset.

Mas o milagre acabou por acontecer, com todos os resultados de que a Costa do Marfim precisava para se apurar a ocorrerem, inclusive com Moçambique a marcar por duas vezes nos descontos frente ao Gana (o segundo golo nascido de um canto verdadeiramente inacreditável concedido pelo guardião ganês) e a recuperar de uma desvantagem de dois golos para empatar 2-2, resultado que afastou os ganeses e apurou os anfitriões.

À procura de um novo selecionador em plena competição

Perante o já inesperado apuramento, numa altura em que era dada como morta e enterrada, a Costa do Marfim teve de reagir. A federação iniciou uma busca urgente para encontrar um novo selecionador a tempo da partida dos oitavos de final, na qual iria medir forças com o Senegal, nada mais nada menos do que o campeão em título e que tinha somado três vitórias em três jogos na fase de grupos.

Os costa-marfinenses tentaram até pedir à Federação francesa de Futebol que lhes emprestasse até meados de Fevereiro o atual treinador da seleção feminina de França: Hervé Renard, visto como uma referência no trabalho com seleções africanas.

Mas tal não foi possível e a orientar a equipa ante o Senegal, na noite de segunda-feira, esteve o antigo internacional Emerse Faé, que já havia orientado a seleção de sub-23 e que desempenhava as funções de treinador adjunto na seleção principal.

O sonho continua

Uma vez mais, poucos acreditavam que a Costa do Marfim conseguisse superar o Senegal, visto como um dos grandes favoritos à conquista do troféu. Ainda para mais depois de os senegaleses ganharam vantagem no encontro logo aos quatro minutos de jogo. Mas o resultado foi-se mantendo até aos 86 minutos, altura em que Franck Kessiê restabeleceu a igualdade na transformação de uma grande penalidade.

O 1-1 manteve-se no prolongamento e, no desempate por penáltis a seleção da casa levou a melhor, não falhando nenhum. A Costa do Marfim, o pior dos terceiros classificados entre os apurados, afastou mesmo o Senegal, o melhor entre os primeiros classificados da fase de grupos. O sonho de erguer, em casa, o troféu mantêm-se vivo. Segue-se um embate com Mali ou Burkina Faso nos quartos de final.

"Não querermos parar por aqui; vamos continuar a trabalhar, manter o moral e continuar a pensar jogo a jogo", afirmou Emerse Faé. E, depois de tudo o que aquilo por que a Costa do Marfim já passou na competição, não será fácil agora apostar contra ela...