O pai, Nelson Moutinho, fez a formação no Benfica e teve uma boa carreira ao nível da II Divisão, além de apresentar duas passagens pelo principal escalão nacional no currículo, ao serviço de Portimonense e Beira-Mar. Depois passou a paixão pelo futebol aos filhos: Nelson e David tiveram trajetos por equipas do Algarve, a região na qual a família se radicou; Alexandre, com apenas 19 anos, foi esta época promovido à equipa principal do Boavista; por último, João Moutinho continua a exibir-se a um nível de excelência, como pudemos comprovar no Europeu.
Saiba tudo sobre o Euro2020: fotos, vídeos, infografias, notícias e reportagens
Começou a jogar nas camadas jovens do Portimonense e foi um dos muitos jogadores observados por Aurélio Pereira, o maior detetor de talentos do futebol nacional, que o convenceu a mudar-se para o Sporting. Após quatro temporadas a crescer na academia leonina, em 2003/04 passou a jogar pela equipa B, depois de já se ter sagrado campeão europeu de Sub-17 na época anterior.
A maturidade do seu jogo motivou o técnico José Peseiro a lançá-lo na equipa principal e João Moutinho, com apenas 18 anos, rapidamente se tornou um jogador indispensável.
A ascensão foi de tal forma meteórica que se estreou a 4 de janeiro de 2005, frente ao Pampilhosa, para a Taça de Portugal, a 26 de janeiro estava a jogar um dérbi na Luz diante do Benfica, a 16 de fevereiro jogou pela primeira vez nas competições europeias, com o Feyenoord, e, desde o segundo jogo com os holandeses, nunca mais saiu do onze. O mesmo se aplicou às seleções, para quem João Moutinho se tornou indispensável, primeiro nos Sub-21, depois na seleção A, quando Luiz Felipe Scolari o lançou num Portugal-Egito, em agosto de 2005.
Desde então, 135 jogos e 7 golos pela equipa das quinas, registo só superado por Cristiano Ronaldo. No ranking dos jogadores com mais jogos em fases finais de Europeus, Moutinho soma agora 19 jogos, os mesmos que Pepe, ultrapassaram o alemão Bastian Schweinsteiger no Euro’2020, e também nessa lista é apenas superado pelo “extra-terrestre” da Juventus. O médio do Wolverhampton esteve em quatro Europeus – sagrou-se campeão em 2016 – e participou ainda em dois Mundiais, na Taça das Confederações de 2017 e na Liga das Nações de 2019, que Portugal também venceu.
Voltando aos clubes, tornou-se capitão do Sporting, ajudou os leões a conquistar duas Taças de Portugal e duas Supertaças, mas, com 23 anos, saiu para o FC Porto, situação que lhe valeu a alcunha de “maçã podre” por parte de José Eduardo Bettencourt, então presidente verde-e-branco. A mudança para o Dragão valeu-lhe a conquista de muitos títulos: em apenas três anos, venceu três campeonatos, três Supertaças, uma Taça de Portugal e uma Liga Europa.
A época de 2013/14 marca a primeira experiência no estrangeiro, com o Mónaco a receber o talento de João Moutinho. Em cinco épocas no Principado, sagrou-se uma vez campeão de França, com o compatriota Leonardo Jardim como treinador, e, em 2018, mudou-se para o Wolverhampton, emblema que representou nas últimas três épocas.
Numa altura em que parece ter o futuro indefinido tendo em conta as notícias sobre um possível regresso ao futebol português e ao FC Porto, uma coisa é certa: caso mantenha a ficha clínica limpa de lesões como até aqui, ainda vamos ver João Moutinho ao mais nível por muito tempo.
Comentários