Pode-se escrever, dizer e pensar muita coisa sobre a exibição de Portugal na última tarde, frente à Alemanha, mas há algo em que todos poderemos concordar: assim não vai dar para revalidar o título.
O Campeão Europeu foi a Munique levar um autêntico balde de água fria, perdendo por 4-2, num jogo que desde o primeiro minuto foi dos germânicos, apesar do golo inaugural de Ronaldo ter disfarçado.
Pressionada pela derrota frente à França, a Alemanha mostrou que estava ali para vencer e pressionou a equipa das quinas desde o apito inicial. Com Portugal encostado às cordas, a Mannschaft até foi a primeira a marcar por Gosens (atenção a este nome, porque o vai ver escrito muitas vezes nos próximos parágrafos) aos cinco minutos, mas a equipa de Fernando Santos foi 'salva' pelo VAR, que descobriu um fora de jogo no cruzamento antes do tento.
A Alemanha continuava a dar trabalho a Rui Patrício, que com um par de intervenções evitou o golo que acabaria por acontecer do outro lado, totalmente contra a corrente do jogo.
Portugal saiu em contra-ataque rápido, com Bernardo Silva a colocar a bola em Diogo Jota que, no interior da área, só teve de encostar para Ronaldo, que após um sprint de baliza a baliza, inaugurou o marcador aos 15 minutos, naquele que foi o seu primeiro golo marcado frente à Alemanha.
O golo deu esperança de que o 'borrego' de 21 anos frente aos alemães pudesse chegar ao fim, mas os últimos 10 minutos reservavam a resposta alemã, que não surpreendeu, tendo em conta o caudal ofensivo germânico e a quantidade de vezes que Rui Patrício foi obrigado a segurar a vantagem depois do golo de Portugal.
O primeiro aconteceu aos 35 minutos depois de Gosens, liberto de marcação, receber de Kimmich e cruzar para Havertz fazer o golo. Contudo, o alemão do Chelsea não chegou a tocar na bola e foi Rúben Dias, que tentava limpar a jogada, a colocar a bola no interior da própria baliza.
Quatro minutos depois, estava dada a reviravolta e de novo pelo corredor esquerdo. Muller cruzou para Havertz, mas Rui Patrício defendeu. Kimmich insistiu e cruzou 'in extremis', Raphael Guerreiro tentava tirar o perigo, mas acabou por colocar a bola no interior da baliza, no segundo autogolo da partida. Dois autogolos, algo nunca visto em fases finais de mundiais e europeus, por parte de uma equipa europeia.
Portugal implorava pelo intervalo e ele chegou. No regresso, Fernando Santos lançou Renato Sanches para o lugar de Bernardo Silva, mas a equipa não se encontrava e voltou a sofrer.
Bola no corredor esquerdo, Gosens a libertar-se de marcação e cruzar para Havertz, que em frente à baliza só teve de encostar aos 51 minutos, fazendo o 3-1.
A situação era grave, os alarmes já tinham começado a soar na primeira parte, com Gosens a ser o homem em destaque e em quem os alemães colocavam passes a rasgar, sabendo que naquele lado Portugal continuava a mostrar-se mais débil.
E foi o jogador da Atalanta a fazer o quarto, quando apareceu livre de marcação junto ao segundo poste para marcar aos 60 minutos.
Eles vinham de todos os lados e Portugal só via jogar. Houve quem tivesse temido um 7-1, resultado que a Alemanha 'brindou' o Brasil no Mundial2014.
Com uma vantagem de três golos no bolso, a Alemanha tirou o pé do acelerador e Portugal começou a respirar. Sete minutos depois do quarto da Alemanha e já com João Moutinho em campo, Cristiano Ronaldo assistiu Diogo Jota para o 2-4, que resgatou uma réstia de esperança num outro resultado.
A verdade é que o resultado não voltou a mexer. Portugal até cresceu nos últimos minutos (os melhores que teve na partida, além do minuto do golo), mas continuava a mostrar falta de agressividade, permitindo que os alemães fossem construindo jogadas até ao último terço, mas desta vez em menos quantidade e sem o mesmo perigo mostrado anteriormente. O maior destaque luso, além do golo de Jota, foi o remate de Renato Sanches ao poste da baliza de Neuer.
Com o apito final, chegavam ao fim 90 minutos para esquecer. É verdade que pela frente Portugal encontrou uma Alemanha que tinha de vencer, mas houve desorganização, erros coletivos numa equipa que claramente não esteve nos seus melhores dias e que foi incapaz de pôr um travão na pressão germânica.
E agora, à boa maneira portuguesa, Portugal vai à gaveta buscar a tradicional calculadora. O duelo decisivo é com a França, na próxima quarta-feira, num jogo em que pontuar deverá ser suficiente para passar. Até uma derrota pode chegar, mas as contas são bem mais complicadas e dependem do que acontecer nos outros grupos.
A figura: Robin Gosens
Apanhou uma via verde na esquerda e esteve diretamente envolvido nos quatro golos (duas assistências e um golo), além do tento anulado logo aos cinco minutos. A sua saída coincidiu com o início do melhor momento de Portugal no jogo e isso diz muito.
Reações
Diogo Jota: "Fomos infelizes em certos momentos"
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