Portugal entra esta quarta-feira em campo pela terceira vez neste Euro2020. Desta feita, pela frente, terá a França, atual campeã do mundo, numa reedição da final da última edição do EURO, em 2016, de tão boa memória para a Seleção portuguesa
Muito mudou, porém, desde então. Desde esse triunfo, Portugal - que desta vez não terá o 'talismã' Eder - conquistou a Liga das Nações, mas chega a esta derradeira jornada do Grupo F com três pontos e em risco de ficar pelo caminho já nesta fase de grupos, embora um empate ou uma vitória assegurem garantidamente a presença nos oitavos-de-final.
Quanto à França, finalista da última edição do EURO, apresenta-se renovada no Euro2020, com uma convocatória baseada na selecção que, há três anos, se sagrou campeã do mundo na Rússia. A seleção gaulesa procura o terceiro título europeu da sua história e conta com um lote de jogadores notável, com destaque para um trio de ataque ao qual já chamam de três mosqueteiros, formado pelo ‘prodígio’ Kylian Mbappé, pelo regressado Karim Benzema e por Antoine Griezmann, melhor marcador do EURO2016.
Vencedores do torneio continental em 1984 e 2000, os 'Les Bleus' são orientados por Didider Deschamps, de 52 anos, que ergueu o troféu europeu como jogador em 2000, e que tal como Fernando Santos do lado de Portugal, orientava já os franceses final do Euro2016, disputado em casa, perdida perante o histórico pontapé de Éder, que ‘carimbou’ o inédito triunfo da seleção portuguesa.
De então para cá, muitas foram as mudanças operadas por Deschamps, que nos 26 convocados para este Euro2020 tem apenas nove jogadores que estiveram na competição de há cinco anos: os guarda-redes Hugo Lloris e Steve Mandanda, o defesa Lucas Digne, os médios Paul Pogba, N’Golo Kanté e Moussa Sissoko, e os avançados Antoine Griezmann, Olivier Giroud e Kingsley Coman.
Do lote de 17 estreantes faz parte a ‘estrela maior’ da ‘constelação’ gaulesa, o avançado Kylian Mbappé, de 22 anos.
Não fossem estas ‘armas’ suficientes para atacar a prova, a França tem ainda à disposição Karim Benzema, a grande surpresa na convocatória de 26 atletas elaborada por Didier Deschamps e que se prepara para disputar o terceiro Campeonato da Europa, depois de 2008 e 2012.
O ponta-de-lança do Real Madrid, de 33 anos, está de regresso à seleção gaulesa, seis anos depois de ter sido afastado pelo mesmo Deschamps, devido a uma polémica que envolveu o compatriota Mathieu Valbuena, e é difícil não imaginar do que poderá ser capaz um trio formado por Mbappé, Griezmann e Benzema.
Histórico de encontros
Este vai ser o 28º duelo de Portugal com a França e a seleção nacional apenas conseguiu seis triunfos (embora um deles tenha valido, claro, por todos os desaires anteriores). Dos 27 embates anteiores, os gauleses ganharam 19, havendo registo de dois empates entre as duas seleções.
Nos últimos 13 jogos entre as duas equipas, Portugal só ganhou um. E nem será preciso lembrar qual foi. Mas antes desse triunfo, naquela inesquecível noite de 11 de julho de 2016 em Paris, a Seleçao nacional não batia a França desde abril de 1975, tendo somado dez derrotas seguidas entre essas duas vitórias. Desde a final do EURO2016, Portugal e França já se voltaram a encontrar por mais duas vezes, para a fase de grupos da Liga A da Liga das Nações, e Portugal não venceu nenhum.
Na primeira volta, em França, o encontro terminou com um empate sem golos. Foi o primeiro nulo da História entre as duas seleções. Depois, na segunda volta, em solo português, a França foi mais forte e triunfou por 1-0 no Estádio José de Alvalade. N'golo Kanté marcou, a abrir a segunda parte, o único golo da partida, que ditou o apuramento gaulês e a eliminação de Portugal.
Momento de forma
Portugal chega a esta terceira e última jornada do Grupo F depois de uma vitória por 3-0 sobre a Hungria e uma derrota por 4-2 ante a Alemanha. Esse desaire com os germânicos foi o primeiro da Equipa das Quinas em 2021. Antes, a turma de Fernando Santos atravessava uma série de sete jogos sem perder, nos quais havia somado cinco vitórias e dois empates.
Quanto à França, nese Euro2020 começou por bater a Alemanha (1-0), antes de empatar com a Hungria (1-1). Os gauleses ainda não sabem perder o que é em 2021 (dois empates e cinco vitórias) e atravessam uma série de nove jogos seguidos sem perder. A última derrota foi num amigável, ante a Finlândia, em novembro de 2020 e em jogos competitivos os 'Les Bleus' não perdem desde agosto de 2019, batidos então por 2-0 pela Turquia na fase de apuramento para este Campeonato da Europa.
O que dizem os treinadores
Fernando Santos, selecionador de Portugal: "Analisámos bem o jogo com a Alemanha, fizemos introspeção e chegámos à conclusão que a matriz de Portugal não esteve no jogo com a Alemanha. Uma equipa que em 58 jogos sofreu 3 golos uma vez e quatro pela primeira vez... alguma coisa não está a correr bem. Se não se atacar bem e defender bem, não vai correr bem. Se tivermos os níveis de concentração, de atenção e se tivermos bola... Temos de atacar bem e defender bem."
Didier Deschamps, selecionador da França: "O que nós queremos é ter o melhor resultado possível amanhã [quarta-feira], independentemente das consequências que pode ter na classificação no grupo ou o efeito no adversário, é algo acessório. Pensamos apenas em nós, no desejo e na ambição que passa por ter o melhor resultado possível".
O árbitro
A reedição da final do Euro2016 será apitada pelo espanhol Antonio Mateu Lahoz, que será auxiliado pelo compatriotas Pau Cebrián Devís e Roberto del Palomar. O romeno Ovidiu Haţegan será o quatro árbitro. A cargo do vídeoarbitro estará o espanhol Alejandro Hernández.
Lahoz vai arbitrar pela terceira vez na carreira uma partida da seleção portuguesa, a última das quais em 2016, que culminou com uma derrota lusa por 2-0 na Suíça, no arranque da fase de apuramento para o Mundial2018. Melhores recordações do espanhol têm os franceses, que venceram os dois jogos apitados pelo árbitro de 44 anos: um amigável com a Alemanha em novembro de 2015 e uma partida da qualificação para o Mundial de 2018, frente à Bulgária.
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