Palco habitual de concentração para portugueses e angolanos assistirem aos jogos do Benfica, de Lisboa, o restaurante que serve também de casa das 'águias' de Luanda, clube da primeira divisão de futebol de Angola, vestiu-se na noite de terça-feira com as cores portuguesas para assistir ao empate 1-1 entre Portugal e Islândia, em jogo da primeira jornada do grupo F do Euro2016.
Depois de um hino nacional cantado em coro, o empate no arranque do campeonato europeu, frente à Islândia, foi um verdadeiro 'balde de água fria' no calor angolano.
Por entre clientes equipado a rigor de vermelho e verde, também todos os empregados de mesa envergavam as camisolas de Cristiano Ronaldo na seleção portuguesa. Não fosse o chefe da cozinha um português, natural de Viseu.
"Ajuda bastante a sentir mais perto de casa, é um ambiente familiar. Para quem aprecia futebol, como eu, é bom", disse à agência Lusa, no final da partida, o chefe António Sousa, há sete anos em Angola.
Com a casa cheia, os 90 minutos do jogo foram passados entre a cozinha e a sala principal. Acabou por perder o golo de Nani e para frustração só viu o do empate islandês: "Foi com um olho no tacho e outro na televisão, para tentar ver alguma coisa. Às vezes é complicado", brincava.
Mais a sério, e apesar da festa entre portugueses e alguns angolanos, em que até cachecóis da seleção nacional foram distribuídos pelos clientes do restaurante da casa do Sport Luanda e Benfica, o chefe mostrava-se pouco convencido com o desempenho.
Ao olhar para o marcador, por entre as bandeiras de Portugal e de Angola, dizia-se mesmo "desiludido" com o resultado: "Vamos ter que fazer melhor no próximo jogo, ganhar para resolver o problema. Sinceramente, não estava à espera disto", confessava.
Adepto confesso do FC Porto, Alexandre Miguel tem 28 anos e há dois anos que trabalha precisamente no restaurante da casa do Benfica de Luanda. Este angolano, empregado de mesa, foi um dos 'Ronaldos' a servir à mesa durante o jogo da equipa das 'quinas'.
Ainda recordado da passagem de Ricardo Quaresma pelo Fc Porto, e sempre a alternar o serviço com um olho na televisão, Alexandre explicava o desaire português, que hoje era também a sua seleção: "O que acho que correu mal, foi a entrada do Quaresma. Devia ter entrado na primeira parte, estava à espera disso", atirou.
À mesa do restaurante a Lusa encontrou Paula Mascarenhas, uma portuguesa a trabalhar há três anos na área dos câmbios e transferências em Luanda. Precisamente algo que com a crise no país e a falta de divisas se tornou praticamente impossível de fazer.
Impunha-se por isso a pergunta, após o empate português com uma seleção que se estreou num campeonato europeu, sobre quem estaria pior no momento:
transferências angolanas ou a equipa portuguesa: "É mais ou menos, acho que estamos um bocadinho melhor que a seleção", atirou, antes de um sorriso rasgado.
Por entre culpas a Ronaldo, por não marcar, e apupos aos 'armários' islandeses, Paula Mascarenhas reconhecia sobretudo o convívio entre portugueses, a mais de 6.000 quilómetros de casa, como o mais importante da noite.
"Estamos em família, é giro este ambiente. Quando estamos fora e deixamos tudo para trás realmente e muito confortável estarmos num ambiente destes a ver um jogo de Portugal. Parece que estamos em casa, então aqui no Benfica melhor ainda", rematou.
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