Os dois primeiros classificados do campeonato feminino português de futebol terão acesso à Liga dos Campeões no final da próxima época, revelou hoje o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes.

“No final da próxima época, fruto da competitividade, do crescimento interno e dos resultados nas provas europeias, os dois primeiros classificados da Liga serão apurados para a Liga dos Campeões. E, provavelmente para espanto de todos, Portugal começará a temporada 2023/24 na sexta posição do ranking UEFA feminino de clubes”, afirmou o líder federativo, na abertura da segunda edição da Conferência Bola Branca.

Fernando Gomes considerou que Portugal tem assistido a uma “revolução silenciosa no feminino”, e, como tal, anunciou igualmente um aumento do apoio ao futebol feminino “que ronda os 100 por cento”, ao duplicar o investimento nas seleções e clubes lusos.

“No orçamento recentemente aprovado pela Direção da FPF, ficou decidido que vamos duplicar o apoio ao [futebol] feminino. As nossas seleções femininas passam para um investimento de 3,7 milhões de euros. Os clubes, com especial relevo para os que integram a Liga, terão um apoio que rondará os dois milhões. Em ambos os casos, estamos a falar de um aumento de investimento que ronda os 100 por cento”, realçou.

A presença inédita da seleção feminina no Mundial, que decorrerá de 20 de julho a 20 de agosto, “está a ter um impacto fantástico”, destacando ainda que, “há uma década, eram apenas quatro mil federadas”, sendo atualmente 15 mil e acreditando que, com o plano estratégico delineado, possam chegar às 75 mil futebolistas federadas até 2030.

Também a procura de talento é “uma obrigação” para a FPF, havendo a necessidade de “alargar a base de recrutamento, de continuar a trazer mais raparigas e rapazes para a prática desportiva e também mais treinadores, dirigentes e melhores infraestruturas”.

No plano da ética desportiva, Fernando Gomes apelou à mudança de mentalidades no país e foi perentório: “Portugal tem falta de cultura desportiva e espírito desportivo”.

“Podem esperar mais iniciativas regulamentares no sentido de combater os comportamentos desviantes e programas de desenvolvimento que ensinem aos mais jovens quais os comportamentos corretos em campo e nas bancadas. Na FPF lideramos pelo exemplo e é nossa prioridade combater os maus comportamentos e incentivar o espírito desportivo”, sublinhou o dirigente, assegurando que a mudança “passará pela punição sem hesitação dos maus comportamentos e pela mudança de mentalidades”.

Coorganizada pela Renascença e pelo Instituto Português do Desporto e da Juventude, a 2.ª Conferência Bola Branca decorre hoje com vários painéis, sobre o tema “Talento, Ética e Igualdade no Desporto”, no auditório da Quinta do Bom Pastor, em Lisboa.