A Associação Chinesa de Futebol (CFA) voltou hoje a ser abalada por novas suspeitas de corrupção, numa altura em que Pequim intensifica a campanha para eliminar as fraudes que minaram a modalidade no país.

O ministério do Desporto informou que o diretor do Comité de Disciplina da CFA, Wang Xiaoping, e o responsável pela organização das competições nacionais Huang Song, são “suspeitos de graves violações” da lei e da disciplina, termo normalmente usado pelas autoridades chinesas em casos de suborno.

Huang está a ser investigado pela agência anticorrupção do Partido Comunista Chinês, pelo órgão anticorrupção do ministério do Desporto e pelas autoridades da província de Hebei, onde a seleção da China mantém um campo de treino, segundo o comunicado.

A mesma nota indicou que Wang e Huang estão a cooperar com os investigadores, mas não deu detalhes sobre as acusações. Os promotores chineses têm amplos poderes para manter suspeitos sob detenção durante longos períodos se houver suspeitas de que segredos de Estado estão envolvidos.

A CFA é o órgão dirigente do futebol na China, que organiza a seleção chinesa de futebol e as competições domésticas.

No mês passado, o presidente da CFA, Chen Shuyuan, foi preso por acusações de corrupção. Ele era também vice-presidente do comité do Partido Comunista na associação, ressaltando os amplos poderes do governo na tentativa de promover o sucesso da modalidade.

Nos últimos anos, Pequim assumiu o desejo de converter o país numa potência futebolística, à altura do seu poder económico e militar. O líder chinês, Xi Jinping, assumiu que quer ver a China qualificar-se para a fase final de um Mundial, organizar um Mundial e um dia vencê-lo.

A seleção masculina de futebol da China é há muito criticada pelos adeptos pelos maus resultados, altos salários dos jogadores e sucessivos escândalos.

Em janeiro, Chen Yongliang e Liu Yi, o vice-secretário-geral executivo e o ex-secretário-geral da CFA, respetivamente, foram colocados sob investigação por suspeitas de violação da lei.

A investigação ocorreu após Li Tie, ex-selecionador de futebol da China e antigo jogador do clube inglês Everton, ter sido detido, em novembro. No mês seguinte, Zhang Lu, guarda-redes do clube Shenzhen, que disputa a Superliga Chinesa, e antigo colega de equipa Li no clube chinês Liaoning, foi também detido.

Em 2016, as 16 equipas que disputam a Superliga chinesa investiram cerca de 460 milhões de euros na contratação de jogadores estrangeiros, abalando o mercado de transferências. Vários clubes da primeira divisão chinesa estão agora falidos e com pagamentos em atraso.

A China figura em 80.º no ranking da FIFA e a única vez que participou na fase final de um Mundial, em 2002, perdeu os três jogos que disputou e não marcou um único golo.

A CFA impôs recentemente punições severas, incluindo banir altos funcionários da maior academia de futebol do país, depois de detetar irregularidades durante um jogo controverso.