O cônsul-geral de Cabo Verde no Rio de Janeiro, no Brasil, há várias décadas no cargo honorário, confessa amor ao futebol e aos seus “meninos”, como se refere aos estudantes, para os quais só tem elogios.
Pedro Santos chegou ao Brasil “há várias décadas”, onde se formou e hoje é professor de Matemática e Física, à beira da reforma, e foi vê-lo, no Centro de Treinos Zico, na pele de treinador, a sofrer no banco no jogo frente à formação do Itaguaí, onde perdeu por 2-0, na terceira jornada da 4ª edição da Copa do Mundo dos Amadores.
Trata-se um torneio que envolve oito seleções das mais variadas comunidades sediadas no Rio de Janeiro, divididas em dois grupos de quatro equipas cada.
As coisas nem correm bem a Cabo Verde na prova, com duas derrotas e uma vitória em três jogos, mas a equipa, que se veste a rigor com as cores nacionais, é, na verdade, uma mistura de nações fazendo parte da mesma, para além dos cabo-verdianos, futebolistas do Brasil, Guiné-Bissau e Gana.
Diz ter uma “ligação muito forte” à comunidade cabo-verdiana, basicamente formada por estudantes e ex-estudantes, “para além dos nativos”, mas quando fala da comunidade é “só satisfação e orgulho”.
“Tenho que ser versátil ao lado da comunidade”, dispara quando perguntado sobre como é isto de cônsul-treinador de futebol, mas justifica com o envolvimento com a comunidade em todas as esferas.
António Santos lembra que esta convivência com os estudantes cabo-verdianos, com o futebol pelo meio, dura há vários anos e, com visível satisfação, recorda os tempos em que “esta convivência” proporcionada pelo torneio, que antes se designava Copa dos Emigrantes, levou a seleção a jogar nos “grandes palcos” do futebol do Rio de Janeiro, como os Estádios do Maracanã e São Januário, o que foi “muito marcante”.
Sobre a comunidade cabo-verdiana, diz que “não tem havido renovação” e que as actuais gerações conseguem inserir-se de uma forma “muito fácil” na cultura brasileira, sem contar com a empatia “muito grande” que existe entre as duas nações.
Avança que “não dá para garantir com fiabilidade” um número, por exemplo, de estudantes cabo-verdianos atualmente no Rio de Janeiro, mas que “deve rondar a centena”.
Para dar uma ideia dessa ausência de “renovação na comunidade”, Pedro Santos lembra que houve altura em que, só na Universidade de Santa Úrsula, havia cerca de 500 estudantes.
“Sabe, a vida está difícil no Rio de Janeiro e os alunos preferem ficar em Fortaleza, que é mais perto de Cabo Verde, mais segurança e mais barata do que no Rio”, lança o cônsul, rematando que abraça tudo o que se passa em relação a Cabo Verde no Rio de Janeiro “em todas as esferas”, num “trabalho imenso” que mete envolvimento com as autoridades dos países e o apoio aos estudantes.
“Acho que esta é a melhor de todas as comunidades espalhadas pelo Brasil, pois até hoje não tive um único cabo-verdiano envolvido numa cena com a polícia”, lançou com orgulho, pelo que que, sintetizou, está-se perante uma comunidade “organizada e qualificada” e que se dedica aos estudos.
“Por isso damos o nosso máximo”, concluiu Pedro Santos.
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