Em maio de 2016, David Ginola esteve morto durante oito minutos. O antigo futebolista francês, que jogou, entre outros, no Newcastle e Tottenham, ambos de Inglaterra, foi vítima de um ataque cardíaco durante um jogo de cariz social com amigos. Durante oito minutos o seu amigo Frederic Mendy aplicou-lhe manobras de reanimação até a chegada dos paramédicos. Ginola foi salvo graças a intervenção dos médicos que usaram um desfibrilador para fazer o seu coração bater novamente.
O incidente mudou a forma como Ginola encara o Mundo. O antigo internacional francês está na Web Summit, em Lisboa, onde falou da sua experiência e de como a tecnologia pode salvar vidas no desporto e não só.
"Desde o meu acidente, levei muito tempo a pensar, a perguntar ´Porquê eu? ´ ´Porquê estou vivo? `. A verdade é que 95 por cento das pessoas morrem quando têm um acidente como o meu. Quando saí do hospital, disseram-me que era um milagre eu estar vivo. E quando falamos de milagres, precisamos de respostas. Procuro respostas que provavelmente nunca irei ter. Então pensei: ´Sou um sortudo. E como posso fazer para que outras pessoas possam beneficiar da minha experiência, fazer com que a minha experiência resulte de forma diferente nos outros? ` questionou o antigo extremo.
E foi assim que Ginola juntou-se a uma empresa para criar o Noods, uma aplicação que permite ajudar as pessoas em caso de ataques cardíacos.
O incidente de Ginola aconteceu em maio de 2916.
"Estava a jogar a bola com uns amigos e, de repente, cai de frente, bati com a cara no chão. Por momentos eles pensaram que eu estava a brincar até que alguém viu de perto e disse: ´Ele não está bem`. Engoli a minha língua e os meus amigos tiveram de a tirar da garganta porque estava a engasgar. Alguém chamou uma ambulância e um amigo disse: ´Esquece a língua, ele está morto, o seu coração não está a bater, precisamos de concentrar no peito e fazer manobras de reanimação", contou
"O meu coração parou por oito minutos. Não tinha pulsação. Estava morto. Depois veio uma ambulância que colocou num desfibrilador. Aplicaram-me quatro choques elétricos, ao terceiro, a médica disse ´Esquece, ele está morto`, mas um amigo insistiu com ela, ´Não desistas, ele está a lutar`. Então ao quarto choque, o meu coração voltou a bater", explicou.
Ginola tinha um problema que era genético. A mãe morrera após ataque cardíaco, o pai tinha sido operado ao coração.
Na sua intervenção na Web Summit, Ginola deixou alguns conselhos. Mesmo para quem tem um histórico de problemas cardíacos na família, todos devem fazer check-ups permanentes, de forma a despistar possíveis problemas.
Praticar desporto ajuda a ter um coração saudável, mas não chega. Vários jogadores de futebol morreram recentemente, vítimas de colapso cardíaco. Os casos de Miklos Feher, Marc-Vivien Foé, Muamba, Cheik Tioté, Daniel Jarque, chocaram o mundo do futebol.
Ginola quer que os clubes, mas também toda a gente tenha acesso às tecnologias que lhes possa ajudar em situações como a que viveu em maio de 2016.
"Muitas das vezes quem cai já não consegue levantar-se. O facto de ter sobrevivido não faz de mim uma pessoa diferente, sou o mesmo de sempre, mas se posso fazer algo para melhorar a vida das pessoas, vou fazer. Quando era futebolista era egoísta, para chegares ao topo tens de ser egoísta. Mas quando se acaba a carreira, pensamos de forma diferente, vivemos num mundo diferente. Na vida real é importante estarmos rodeados de outras pessoas", declarou.
Durante o incidente, a intervenção do seu amigo Mendy, que fez formação em como aplicar CPR, acabou por ser crucial já que ajudou a bombear sangue para o cérebro, durante os oito minutos em que o coração esteve parado. Por estar tanto tempo sem oxigénio no cérebro, Ginola podia ficar em estado vegetativo. Por ter conseguido vencer a morte, o antigo internacional francês quer agora ajudar a ajudar outras pessoas a terem as mesmas hipóteses de viver em situações em que o coração cede.
Só na Europa, mais de 20 mil pessoas morrem por ano, vítimas de compilações cardíacas, enquanto praticam desporto. Mais de oito milhões de pessoas morrem por ano, vítimas ataques cardíacos, a segunda causa de morte no mundo.
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