Ricardo Horta saltou do banco para dar um ponto a Portugal, na 1.ª jornada do Grupo 2 da Liga das Nações A de futebol. A seleção lusa teve dificuldades diante da Espanha, mas conseguiu um empate importante num terreno onde não perde há 64 anos mas também não ganha há 85.
O extremo de 27 anos, que milita no SC Braga, chegou aos 24 golos em 50 jogos neste 2021/22, nesta que já é uma época histórica a nível individual. Fernando Santos surpreendeu com Cristiano Ronaldo no banco.
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O Jogo: Gavi a serpentear, Horta a salvar
Resultado interessante. Esta expressão chamou a atenção de Fernando Santos na zona de entrevistas rápidas, quando questionado se o empate era algo interessante. Invocou a evolução da Seleção até chegar a um momento em que empatar fora com Espanha é interessante e não bom.
De certa forma tinha razão. Empatar em casa com o outro candidato a ficar em primeiro lugar num grupo onde apenas o 1.º apura-se para a final-four não deixa de ser… interessante. E se formos analisar os 90 minutos, não se pode querer mais, num encontro onde 'Nuestros Hermanos' foram superiores.
Muito se irá falar da condição de suplente de Cristiano Ronaldo mas há um futuro para preparar na seleção e é preciso integrar os jogadores novos e começar a dar-lhes a titularidade, para sentirem o que aí vem. Coube a Rafael Leão receber esse peso, poucos depois de guiar o seu AC Milan para a conquista da Série A, prova onde foi eleito Melhor Jogador.
O peso e crescimento do avançado de 24 anos foi também visível na forma como os colegas tentaram sempre encontra-lo com passes em profundidade, onde poderia tirar partido da sua velocidade e explosão no um-contra-um. Para uma primeira vez a titular, se calhar Leão acabou por ser solicitado em demasia, como o próprio Fernando Santos reconheceu.
Do outro lado estava uma seleção com um certo à-vontade em campo, comandado pelo irreverente prodígio culé Gavi que, aos 17 anos, parece que anda nisto há anos. Vai serpenteando por entre adversários, tirando-os da frente com simples movimentos de corpo ou mudanças de velocidade, a um ritmo que parece sempre acima dos demais.
A Espanha dominava com as acelerações de Gavi, com a inteligência e leitura de Sarabia e com Soler a aparecer perto da área. Quando perdia a bola ou Portugal tentava sair desde detrás, os avançados juntavam-se aos médios, a defesa subia e a Espanha pressionava até a recuperar.
A limitação de João Moutinho - amarelado desde cedo - pediu Rúben Neves ao intervalo, Fernando Santos disse 'sim', Portugal cresceu na segunda parte até o próprio Engenheiro 'matar' esse mesmo crescimento, com Ronaldo e Gonçalo Guedes nos postos de André Silva e Otávio. Perdeu-se capacidade de pressão, de ter bola e a Espanha, que já vencia por 1-0 desde só 25 minutos, passou a estar mais à-vontade.
A única mexida que trouxe algo de bom no lado luso foi a entrada de Ricardo Horta que, 10 minutos após render Rafael Leão, empatou o jogo aos 82, numa combinação simples entre Cancelo e Gonçalo Guedes na direita. Ao segundo jogo na Seleção A de Portugal, Ricardo Horta marcou.
Para completar a melhor época da carreira, só falta a Ricardo Horta a tal transferência para um grande. Fala-se muito insistentemente no Benfica mas, até agora, António Salvador mantém-se irredutível. O extremo/criativo, melhor marcador português da I Liga 2021/22 (19 golos) chegou aos 24 golos em 50 jogos, numa temporada em que bateu o recorde de golos no SC Braga, ao tornar-se no melhor marcador de sempre do clube, com 93 golos.
A Portugal, fica o resultado, melhor que a exibição, e uma curiosidade: não perde em casa da Espanha há cerca de 64 anos, mais precisamente desde 14 de abril de 1958, quando 'Dom' Alfredo Di Stéfano, avançado nascido em Buenos Aires, em 1926, e falecido em 2014, aos 88 anos, selou aquele que ainda é o derradeiro triunfo, e 11.º, da Espanha na receção a Portugal. De resto, seis empates nos últimos seis jogos entre os dois países vizinhos em solo espanhol.
Se não perde fora com Espanha, Portugal também não ganha: 16 jogos oficiais, seis empates, 10 derrotas.
Momento-chave: Alba sem cabeça para a vitória
Já depois de Portugal ter empatado, numa altura em que a Espanha dominava, Jordi Alba podia ter dado os três pontos à sua equipa, mas não teve cabeça para tal. Depois de um remate de Sarabia que Diogo Costa defendeu para a frente, a bola foi ter ao lateral esquerdo que, de frente para a baliza, cabeceou para fora. Luis Enrique estava incrédulo.
Os Melhores: Gavi entre graúdos
Tem 17 anos mas joga como se tivesse 27. Há muito que o futebol mundial não tinha um talento tão precoce a jogar com uma regularidade tão assombrosa. É ele que arranca aos três minutos e quase fica isolado (escorregou); é ele que recebe a oferta de Cancelo e faz um passe fantástico para Sarabia que assiste Morata para 1-0.
Aliás, as palavras de Luis Enrique explicam o que queremos dizer: "Sobre o Gavi eu tenho uma sensação de que é um desconhecido no futebol espanhol, inclusive para muita gente que o tem perto. Porque o Gavi não é um jogador que só corre, que luta e que a nível defensivo é top. A nível ofensivo, com bola, é um jogador especial. Um interior puro, capaz de receber entrelinhas, de dar o último passe. Tem golo, remate de cabeça e poderio físico. Um jogador único com 17 anos", disse o selecionador espanhol, no final do jogo com Portugal.
Em 'noite não': Fernando Santos começou bem e acabou mal
Ter Ronaldo no banco e Leão e André Silva na frente dava pontos a Fernando Santos naquilo que é o futuro imediato de Portugal. O técnico leu bem o jogo ao intervalo e a entrada de Rúben Neves ajudou Portugal a crescer. Depois voltou a mexer e 'deu cabo' da reação lusa: Ronaldo nada acrescentou, Guedes não tem tanta propensão para defender. Sem a pressão de André Silva e Otávio, a Espanha voltou aos comandos do jogo.
Reações: Do pacto de não agressão à um Engenheiro explicador
Fernando Santos analisa empate com Espanha e explica porque Cristiano Ronaldo ficou no banco
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